Dias mulheres virão

Alessandra Bergmann, jornalista especialista em Agro e palestrante. (Foto: Adrian Guadanin/Divulgação)

Quando eu era menina e tinha uma dor de estômago, minha avó Flora pegava da horta raminhos verdes e começava a pronunciar palavras de bênçãos em alemão em direção a minha barriga, olhava em meus olhos e dizia: “Pronto. Vai ficar boa.” E, como num passe de mágica, o desconforto ia embora. Um simples ato de benzedura, que trazia alívio imediato como um milagre natural, dando uma dose de autoconfiança que me fazia acreditar que eu realmente ficaria boa. Milhares de nossas ancestrais usavam o poder feminino da benção e a ligação com o divino para proporcionar a cura, o alento, a solução. Bênçãos que também estão ligadas a proteção e à paz interior, coisa rara de se ter, a tal paz interior na correria do mundo atual.

Para integrarem o mundo dos negócios, mergulhado nas lógicas e algoritmos, as mulheres deixaram de lado boa parte do conhecimento benedito, pois precisaram se tornar adequadas às necessidades do mercado. Nós mulheres, atropelamos nossa própria inteligência natural, e, amamentar um filho muitas vezes se tornou algo secundário, assim como suportar, a qualquer custo, cólicas menstruais se tornou obrigatório.

No campo, a inteligência feminina apenas era valorizada para servir, agradar e acolher. Gestão e domínio técnico, nunca foram créditos de uma mulher no meio rural. Até que o mundo começou a pedir mais os valores femininos para poder sobreviver e inaugurou necessidades que sempre foram do protagonismo da mulher, como cuidado e intuição, por exemplo. Traduzindo em palavras comerciais: ESG, gestão humanizada e as relações sustentáveis.

O mundo quer mais o feminino na gestão, atitudes maternas de cuidado, do intuitivo e o coração. Para isso, precisamos ouvir nossas anciãs benzedeiras, usar os raminhos mágicos que carregamos nas nossas almas para percebermos o poder que temos. É a vez da gestão feminina. Mais do que sexto sentido, nós mulheres temos dons e competências naturais para formatarmos os rumos desse novo mundo que tanto desejamos.

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