Paradise – parte II

Ciro José Mombach, médico. (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)

Após a velejada inaugural, que quase acabou com o afogamento de toda família, entramos em uma maré de bonança. Vários passeios na Lagoa dos Patos, levamos inclusive o Paradise até Bombinhas (SC). Lá, realizamos o sonho de singrar suas águas e explorar as várias baías do seu entorno.

Um belo dia recebo a visita surpresa do meu ex-aluno, ex-professor de vela, que muito entusiasmado me convida para navegar. Era um daqueles dias, em Bombinhas, com vento sul muito forte, soprando mar a dentro. Argumentei com ele que o vento estava muito intenso e que não se via nenhuma embarcação navegando.

– Mas o Dingue é feito pra vento forte, anda muito melhor.

Me rendi aos argumentos do professor. Armamos o barco e nos lançamos ao mar. Na primeira perna da velejada pegamos o vento sul de popa e, em questão de minutos, chegamos ao limite da baía. Fizemos a cambada (manobra de mudança de rumo) e pegamos o vento forte de través. Ele controlava a vela e eu o leme. Ele caçou (manteve tensa) a vela ao máximo e o leme começou a ficar muito pesado. Falei da situação e ele comandou que forçasse mais, e assim o fiz. Então, se ouviu um crééék interminável e se rasgou o pé do mastro, tombando a vela inerte para o lado. Ficamos à deriva, ao sabor do vento e das ondas. De nada adiantou tentar erguer a vela, seguíamos sem rumo.

O vento e as ondas nos levavam rapidamente para longe da praia. Em vão, procuramos alguma embarcação, mas não havia ninguém até onde a vista alcançava. E assim seguimos por mais de meia hora. O barco estava sendo levado em direção às pedras de Bombas. Quando já tínhamos aceitado a ideia de nos espatifar nas pedras, escutamos um ta-ta-ta que parecia ser de um barco a motor.

O ruído foi ficando mais forte e, então, avistamos uma traineira que aparecia no pico e desaparecia atrás das ondas. Começamos a acenar e gritar para que nos visse. Para nossa infinita alegria veio em nossa direção. A seguir, nos rebocou para a segurança da praia.

O mar seguia deserto de qualquer outra embarcação. Perguntamos, então, o que ele fazia no mar. – De longe vi que o seu barco estava à deriva e vim resgatar vocês…

Por Ciro J. Mombach
Médico

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