
Quando estive em audiência na Assembleia Legislativa Gaúcha, em conversa com o deputado estadual Gaúcho da Geral (PSD), conheci uma proposta que visa democratizar o acesso ao futebol. Imediatamente lembrei de muitas pessoas, vários amigos inclusive, que deixaram de frequentar os estádios de nossa cidade. E por um único motivo, não conseguir pagar o valor cheio de um ingresso.
Claro que a realidade mostra que o ingresso no futebol é caro para quem paga e pouco para quem recebe. E sabidamente nos últimos anos os clubes passaram a arcar com o aumento de custos e o surgimento de novas obrigações financeiras, e com isso o investimento ficou pesado para promover os eventos esportivos. Mas também é inegável que muita gente sofreu com a perda do poder aquisitivo, outros com o desemprego, e em algumas situações precisaram passar a receber auxílio governamental para poder garantir o mínimo de sobrevivência
Com base na análise de todo esse cenário, comecei a estudar uma alternativa que pudesse favorecer torcedores considerados em situação de vulnerabilidade. Identifiquei esse público nos inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), aqueles amparados pelos programas de auxílio do governo federal.
Foi quando protocolei na Câmara Municipal de Pelotas um projeto chamado “Futebol para Todos” que estipula um “Ingresso Social”. Os clubes devem destinar no mínimo 5% da capacidade do PPCI do estádio para a venda de ingressos com pelo menos 80% de desconto do menor valor para não sócios. Aprovado no Legislativo e publicado como lei em 11 de novembro de 2021. Os favorecidos têm que estar obrigatoriamente inscritos no CadÚnico, e apresentar a documentação comprobatória no momento da compra do ingresso.
Percebi então que muitos apaixonados, na maioria de nossa periferia, poderiam voltar às praças esportivas de nossa cidade. Lembrei de relatos de torcedores que no passado chegaram a vender bens pessoais, geladeira, fogão, para comprar ingressos, viajar, estar junto do clube de coração. Uma demonstração indescritível de paixão.
Independente de qualquer questão formal, jurídica, para mim está a satisfação da construção de um projeto que devolve dignidade para muita gente. E foi formulado com diálogo com as direções dos três clubes pelotenses, Brasil, Pelotas e Farroupilha. Os mandatários foram receptivos, e aderiram a proposta que objetiva socialização.
Como alguém que teve origem no esporte, conheço muito bem essa realidade, e por isso tinha a obrigação de pensar em alguma providência para minimizar essa dificuldade. Um político precisa ser sensível às necessidades de quem vive com extrema dificuldade financeira, e criar medidas de proteção social.
Conviver o retorno desses torcedores aos estádios de futebol de Pelotas, nas arquibancadas com “sangue olho” para incentivar o seu time é algo que enche de alegria qualquer um que tenha sentimento de humanismo.
Fico com a certeza que é Futebol para Todos, de verdade, garantido com o Ingresso Social.
Carlos Júnior – vereador do PSD
Presidente da Comissão de Desporto da Câmara Municipal de Pelotas