“Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.” – Nelson Mandela
Querido leitor:
Louis Pasteur, criador da vacina contra a raiva, fez muitas descobertas que tiveram enorme importância na história da Química e da Medicina. Ironicamente apelidado de “o sujeito dos bichinhos voadores”, pois a ciência da época não acreditava em “bichinhos que não podiam ver”, foi um dos cientistas que refutou veementemente a Teoria da geração Espontânea, graças as suas pesquisas na microbiologia.
Graças aos estudos de Pasteur, em 1871 iniciaram-se os processos de esterilização dos instrumentais cirúrgicos. Os trabalhos do cientista, que passou a investigar esses “bichinhos” em que ninguém acreditava, culminou no desenvolvimento de diversas vacinas, em especial a antirrábica.
Através dos estudos da microbiologia por Pasteur trouxeram também um processo chamado Pasteurização, que garante a higienização de diversos alimentos fermentáveis.
Os estudos de Pasteur enfrentaram grande resistência pela comunidade científica da época, o que era compreensível, graças ao tempo em que viviam, onde a própria Ciência tateava seus estudos através de métodos empíricos.
Muito antes disso, no Século VI a.C, Aristóteles forneceu várias evidências para a forma esférica da Terra, culminando com o desenvolvimento de um sistema de latitudes e longitudes em nossa esfera global. Graças a isso, Copérnico desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar, evidenciando o Sol como sendo um centro e que a Terra girava em seu redor. Mais compreensível era a resistência dos estudiosos da época, justamente pela época arcaica, tão arcaica quanto à teoria de que a Terra seria plana.
Retornando à microbiologia, lembramos do médico sanitarista Oswaldo Cruz. Infectologista e bacteriologista, determinou a obrigatoriedade da vacinação contra a Varíola, que era questionada, entre outras razões, por ser uma vacina cujos soros e seus aplicadores eram pouco confiáveis. Mas isso foi no início da década de 1900!
O ser humano, que teve sua evolução psíquica e biológica graças ao medo à resistência contra o que não conhecia, permanece evoluindo, resistindo e, sobretudo, estudando. As epidemias e diversas doenças apressaram e apressam os progressos científicos, assim como as guerras e calamidades diversas. A resistência conta as vacinas atualmente desenvolvidas, ainda que humana, pode também ser vista como um trabalho criado por uma polarização nunca antes vista em todos os segmentos da sociedade.
O fato incontestável, porém, é de que hoje possuímos mais informações, tecnologias e, sobretudo a capacidade e liberdade de escolha e uma inteligência bem mais desenvolvida. Assim, das mais diversas formas, a epidemia causada pelo Coronavírus está nos trazendo as mais diversas lições, sobretudo as de humanismo.
Aonde pretendo chegar? Ao contrário do que muitos devem estar pensando até o momento, minha esperança é tão somente a de que, através da evolução de nossa sociedade, cheguemos aos processos de construção de paz entre as pessoas, onde a humanidade não repita as mesmas guerras causadas pela resistência ao novo e que construa uma sociedade capaz de enxergar a opinião do outro, através do processo desenvolvido por Nelson Mandela:
“Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração”.
Otávio Avendano é educador, palestrante, formador de círculos de construção de paz e influenciador digital.
Instagram @otavioavendano