A teoria das “janelas quebradas” no combate ao crime

Vilson Farias. (Foto: Divulgação)

Atualmente, umas das coisas que mais preocupam os brasileiros é o aumento da criminalidade, um problema que geralmente se agrava com o aumento de índices de pobreza e desemprego.

Sendo assim, policias e autoridades de nosso país começam a enfrentar grandes desafios no combate ao crime.

Desta forma, torna-se muito interessante uma teoria de combate ao crime, que surgiu nos Estados Unidos, sendo chamada de teoria da janela quebrada. Essa teoria entrou no vocabulário do controle do crime no ano de 1982, quando os cientistas sociais, George Kelling e James Wilson, publicaram um ensaio com esse título na revista The Atlantic. Os autores exploraram a relação entre crime e desordem com uma analogia que afirmava que se uma janela em um prédio fosse quebrada e deixada sem conserto, logo todas as outras janelas também seriam quebradas. Pois, no entendimento dos cientistas, uma janela quebrada e sem concerto, é um sinal de que ninguém se importa, então, quebrar mais janelas não custa nada. Sendo assim, quando o comportamento desordeiro fica impune nos bairros, os cidadãos cumpridores de leis tendem a evitar essas áreas, o que as torna mais suscetíveis à invasão criminosa.

De acordo com John McMillian, que é professor associado de história na Universidade Estadual da Geórgia, as pessoas que conhecem a teoria das janelas quebradas, podem ter aprendido sobre ela, indiretamente, no best-seller de Malcolm Gladwell “O ponto de virada: como pequenas coisas podem fazer uma grande diferença”, que foi publicado há 25 anos. Ainda, John McMillian afirma que no capítulo mais discutido do livro, Gladwell tentou explicar por que a cidade de Nova York, na década de 1990, de repente experimentou a maior queda em crimes violentos já registrada. É verdade que outras cidades viram o crime cair nesse período, mas em nenhum outro lugar o crime caiu tão significativamente e tão rapidamente. Em apenas alguns anos, Nova York deixou de ser uma das grandes cidades mais perigosas e assustadoras dos Estados Unidos para se tornar uma das mais seguras.

O professor John McMillian destaca que Glawell pesquisou várias possibilidades relacionadas à economia, mudanças demográficas e o declínio do comércio mortal de crack, mas as considerou pouco convincentes. Então, concluiu que o verdadeiro fator de diferença, foi o comprometimento do Departamento de Polícia de Nova York com a teoria das janelas quebradas, ou seja, a ideia extraordinariamente simples de que crimes sérios têm mais probabilidade de ocorrer em ambientes desordenados do que em ambientes ordeiros. Sendo assim, ao melhorar o ambiente das pessoas, diz a teoria, você pode melhorar seu comportamento.

Portanto, o policiamento de janelas quebradas ou policiamento de manutenção da ordem, quando corretamente implementado, não tem a intenção de reprimir agressivamente as pessoas por cada possível infração menor, sendo até flexível, a depender da situação e da circunstância. Porém o seu objetivo é demonstrar que as áreas urbanas estão sob controle e que vários tipos de desordem não serão tolerados, sendo que o principal benefício deste tipo de policiamento é que ele, ocasionalmente, levará à apreensão de criminosos perigosos, proporcionando mais segurança à sociedade.

Em conclusão, ressalvadas as diferenças sociais e econômicas entre Brasil e Estados Unidos, diríamos que a mencionada teoria poderia ser uma boa forma de combater o crime em nosso país.

REFERÊNCIA
McMillian, John. City Journal, Gazeta do Povo. 07/01/2025 às 15h44min e atualizado em 09/01/2025. Acesso em 22/01/2025 às 18h Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/teoria-janelas-quebradas-melhor-maneira-combater-crime/.>

Leonardo Ávila, Advogado

Vilson farias, Doutor em Direito Penal e Civil, e escritor

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