Chegados a Honolulu, o único carro que restava para alugar era um Lincoln Continental. Era uma nave e, na época, nossos carros mal começavam a oferecer como opcional o trio elétrico. Esse vinha com tudo. Mas ao me acomodar, fiquei espremido contra o volante. Procurei uma alavanca ou um botão para regular o banco e nada. Pedi a meu filho, com 10 anos, que se abaixasse e inspecionasse o banco por baixo. “Pai, sinto muito, mas te alugaram um carro quebrado”. Segui, então, dirigindo a nave amontoado no volante, como motorista de táxi. No dia seguinte, ao tentar visitar uma base aérea, fomos parados por um militar.
Me pediu para baixar o vidro. Apertei um botão no painel da porta e meu banco subiu, apertei outro e ele desceu, outro e fui espremido contra o volante, mais outro e me afastei do volante. E nada de acertar o que abre o vidro. Riam-se de mim às barrigadas, dentro e fora do carro, e eu com cara de pateta. E foi assim que fui apresentado ao banco elétrico.
Quando se fala em Havaí, pensamos em uma ilha que na verdade é um arquipélago. Oahu é a ilha mais visitada onde fica a capital Honolulu; é o local do surfe. Waikiki a mais próxima para ondas longas e lentas surfadas de long board; Hanauma bay para body boarding e mergulho; Sunset e Pipeline para competições de surfe com ondas enormes, no norte da ilha. Pearl Harbour com o memorial USS Arizona e Diamond Head são outras atrações da ilha. Não dá pra deixar de ir a um luau; jantar ao ar livre com comidas típicas, entre elas o porco cozido enterrado na areia com pedras quentes e danças havaianas. Esgotadas as atrações em Oahu, resolvemos visitar os vulcões. Um voo de 45 minutos nos leva até a Big Island.
Kilauea e Mauna Loa são nosso destino. Impressionados ficamos ao ver o rio de lava incandescente penetrando mansamente no mar, com aquele barulhinho de pedra quente em água fria e a nuvem de vapor adjacente. Há um aviso: “é proibido levar pedaços de lava como lembrança, pois atrai má sorte”.
De modo imperceptível, meu filho e minha mulher catam cada qual um pedaço de lava e, disfarçadamente, o colocam no bolso e na bolsa. No voo de volta, uma turbulência colossal nos atinge. Meu filho, com olhar apavorado disse:
– Mãe abre a janela que eu quero jogar fora a lava que peguei, senão o avião vai cair!
– Então vai cair mesmo porque eu também peguei!
O pedaço de lava habita até hoje a segunda gaveta da esquerda, na cômoda do quarto de nosso filho.
Afinal, a maldição do Havaí é só pra evitar que levem toda ilha em pedaços de souvenir…
Por Ciro J. Mombach
Médico