O slogan já é um alerta: “não ignore os avisos”. O Movimento Gente Ajudando Gente – o mesmo que participou da ajuda em favor dos venezuelanos que entraram no Brasil – se uniu com outras instituições objetivando salvar vidas através de campanha de prevenção ao suicídio no estado. Objetivo: atenção aos sinais – muitas vezes desprezados ou ridicularizados – de pessoas propensas em tirar a própria vida.
Criado em 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria – junto com o Conselho Federal de Medicina – o Setembro Amarelo levantou dados a respeito de suicídio no Brasil, que já assustavam. O Gente Ajudando Gente trouxe para a realidade local esta preocupação: o suicida atenta contra a própria vida em torno de cinco vezes. O índice do RS é três vezes superior à média nacional: chega a quatro mortes por dia!
Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de drogas. Considerado tabu, tratado no recôndito dos lares e com medo de possíveis estigmas, fica encoberto pelo silêncio, sem ter resultados satisfatórios. A campanha torna pública uma realidade que precisa ser contada, conversada, compartilhada… inclui uma série de atividades procurando minimizar as dores e ganhar espaço para a vida.
Não é fácil, mas existem indícios de um problema em potencial, hoje, especialmente com jovens: mudanças de atitude, que levam ao isolamento, desinteresse, aumento ou diminuição da alimentação, dormir demais ou de menos, agressividade… até a forma como se expressam, dizendo que desejam morrer ou cansados de viver… na iminência do perigo, o melhor, sempre, é buscar auxílio e acompanhamento profissional.
Uma conhecida dizia que o filho tinha “uma tristeza patológica” e tentara a morte. Repetiu a frase que lera numa publicação: “quando alguém pensa em suicídio, ela quer matar a dor e não a vida”. Fiquei imaginando: se os números já tabulados assustam o quanto ficaríamos preocupados se fossem contabilizados os casos em que, de alguma forma, familiares ou amigos conseguiram evitar o pior.
Ouvi de uma terapeuta que as pessoas se atrapalham ao acompanhar a situação, especialmente pela falta de informações. Disse: “não é drama, não é pra chamar atenção, nem é falta de Deus, muito menos frescura”. Quem está próximo fica preocupado em dar “conselhos” ou em falar de religião, quando o emocional já está bloqueado. Neste momento, quem ama precisa demonstrar – muito mais do que dizer: “você não é um fracasso. Você não é um caso perdido. Você não precisa se machucar. Você é necessário. Você é amado. Você não está sozinho. Eu acredito em você!”