Já ouviste o cantar do vento?

Jotace, colunista e contador de causos.

Meus filhos indagaram-me sobre o vento:
-De onde vem o vento?
-Ah!… o vento… falei-lhes com
paciência…
Esse campeiro inquieto,
Assobiador e solto,
Vem de mundos distantes e revoltos
Repontando cantigas e saudades!

Um dos piazitos perguntou-me então:
E o vento canta? – E ele tem violão?
-Claro que canta!
Ouçam essa canção…
….São os dedos do vento
No aramado!!

E os dois piazitos
De olhos dilatados
Ficaram quietos
Como que pasmados
A ouvir o vento –
Milongueiro e triste!!

Muito curioso – perguntou-me o outro:
– E o vento tem filhos?
-Muitos filhos…
– E onde brincam os filhos do vento?

Os filhos do vento…
Continuei falando…
Andam sempre em bandos
A mexericar coisas nos ranchos.

E são arteiros!!
Passeiam nos terreiros
Bulindo nos montinhos
Dos varridos;

Penetram pelas frestas
Das janelas…
E ficam a soprar por sobre as velas
Das chinas rezadeiras!!

E o vento grande não surra eles?
– Não. O vento é livre, e livre são seus
filhos.
O vento não impõe – Como os caudilhos
Que cerceiam a liberdade dos pequenos!

-E o vento tem amigos?
-O Sol e as estrelas
São amigos do vento!
Pois quando hai relento,
E quando a noite é clara,
Ele campereira ao tranquito
Pelos campos verdejantes e bonitos…
E dança sobre o Mar
Tocando as ondas
No responso harmonioso
De um valseado!

-E o vento fica zangado?
-Muitas vezes fica…
Quando o Sol se esconde
Por detrás de nuvens mui chumbadas
Que ficam a mirar pedradas
Por sobre o lombo do vento!

Ah!… Quando o vento embrabece!
Até se parece…

No rugir do pealos,
O frenético avançar de mil cavalos
Com gaúchos invencíveis nas batalhas!!

E fiquei a falar sobre o tufão
Ante o mermar das brasas, no galpão…

Depois… bombiei os piás… quietitos!
Sobre o carnal de um pelego,
Aninhaditos…
– Dois viajores de sonhos encantados!

Ronquei o mate. E a pensar fiquei…
Naqueles anos felizes que vivi…
E ao ouvir o vento – pareceu-me ouvir
As canções do meu tempo de guri!!

Poesia de Marco Pollo Giordani

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Casal de Pelotas ainda busca ajuda para custear despesas de uma cirurgia da pequena Isabel. Ela possui Septo Interatrial. Segundo familiares, trata-se de um o buraquinho que não fechou e precisa ser fechado para ela seguir uma vida normal podendo correr e brincar, por exemplo. Ela foi para fila de espera e aguarda ser chamada para a cirurgia, que será no Hospital Santo Antônio, em Porto Alegre.
A previsão é que seja necessário ficar sete dias na capital gaúcha, dependendo da recuperação da pequena. Ela ainda poderá tomar remédio por um curto tempo.

Quem quiser ajudar pode enviar valores para a chave PIX (53) 99911-7455, celular de Daiana Duarte

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