Comunidades quilombolas completam dez anos de desenvolvimento em Piratini

Maria Emília Porto é vice-coordenadora da comunidade Rincão da Coxilha (Foto: JTR)

Não se sabe desde quando estão lá e por quanto tempo ficaram escondidos. Os quilombos – regiões de grande concentração de escravos escondidos nas matas como forma de sobrevivência – era uma realidade do Brasil colônia e escravocrata. Passados 131 anos da assinatura da Lei Áurea e a extinção da escravidão no país, hoje, o que se chama de “comunidade remanescente de quilombo” são agrupamentos que herdaram as principais características, geralmente formados por netos e bisnetos de escravos, é uma realidade do Brasil atual, e não diferente em Piratini.
Em 2019, as cinco primeiras comunidades do município comemoram dez anos de desenvolvimento, mas a comemoração vai além do número. Dentro desta década, muitas aquisições foram conquistadas, como água potável, o Programa Minha Casa, Minha Vida e o acesso à universidade. Segundo a quilombola e vice-coordenadora da comunidade Rincão da Coxilha, Maria Emília Porto, muitos integrantes participaram de processos seletivos para quilombolas na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). “Hoje estão cursando cursos de graduação, como Enfermagem, Psicologia, Medicina e alguns também já fizeram mestrado através das cotas”, destaca.
Apesar de muitos avanços, Maria Emília retrata a dificuldade na inserção dos quilombos no mercado de trabalho. Ela conta que enviou cerca de 50 currículos, porém apenas uma empresa retornou muito tempo depois. Hoje, para evitar o desemprego e como forma de sustento, a quilombola é vendedora da associação Bem da Terra, que este ano também completa dez anos e reúne grupos produtivos informais, associações ou cooperativas formando uma rede de empreendimentos econômicos solidários, através dos princípios do comércio justo e do consumo solidário. “O Bem da Terra e a comunidade Quilombola na verdade tem a mesma essência do cuidado com o outro, mantendo seus valores sem perder as suas identidades”, conta.
“O projeto é voltado às pessoas desempregadas e para mulheres que precisam ter sua própria renda. Eu, como mulher negra, tenho a dificuldade de arrumar trabalho formal, então fui convidada pela coordenação da Casa da Acolhida para fazer parte deste projeto e mostrar o quanto somos capazes, só não temos a oportunidade”, explica.
O calendário das feiras presenciais, no segundo semestre de 2019, da associação pode ser encontrado na fanpage facebook.com/associacaobemdaterra.

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