Quem passar pelo Largo Edmar Fetter (Mercado Central), toda essa semana, a partir do meio-dia, será presenteado com apresentações de música ao vivo com piano, durante o “almoço musical” (das 12h às 13h) e a “noite musical” (das 19h30min às 21h), e poderá visitar, gratuitamente, a exposição do Museu Itinerante do Piano, trazida de Brasília. O caminhão que abriga pianos antigos e raros dos séculos XIX e XX, réplicas de instrumentos inusitados e artes visuais está estacionado no Largo e a exposição pode ser vista até domingo, das 14h30 às 18h, com entrada franca. A Secretaria de Cultura (Secult) é apoiadora do projeto.
“O Museu Itinerante do Piano existe desde 2010 e costuma visitar cidades a 100 ou 200 km de Brasília. Esse é o trajeto mais longo que já fizemos. Eu e minha esposa somos naturais de Pelotas, saímos daqui com 19 e 18 anos e temos muitos familiares e amigos aqui. Sempre acalentei esse sonho de trazer o projeto à minha cidade de origem, pela qual tenho muito carinho e amor”, diz Rogério Resende, técnico afinador que dirige a Casa do Piano e o Museu do Piano em Brasília.
Bem-humorado e brincalhão, Resende conversa com os visitantes e até faz piada. Fez uma demonstração do Pianola, de 1897, que deixou de ser produzido em 1940 porque só funciona à base de pedais, extremamente pesados. “Tem um leitor de partituras e vem acompanhado com 510 rolos de papel, algumas partituras chegam a medir 12 ou 15 metros. Imaginem pedalar para tocar tudo isso? A pessoa infartava antes de acabar a música”, brinca.
Inusitados
Entre tantos pianos antigos, Resende destaca dois, que considera mais “inusitados”: a “Casinha de cachorro”, réplica de um modelo de 1831 em que o pianista fez seu próprio piano, com mais profundidade, para abrigar também o cachorrinho de estumação; e outra réplica de um modelo de 1890: um imenso piano duplo de meia calda, para quatro pessoas, que ele levou quatro anos para fabricar e leva a sua assinatura, Resende.
Além dos modelos tradicionais e raridades, a exposição conta também pianos coloridos, pintados em cores vibrantes: uma estratégia para chamar a atenção dos jovens, que deu certo. Pianos em cores azul, verde, amarelo, branco, vermelho… O último é usado para apresentações em lugares públicos. Um triciclo puxa o piano vermelho, enquanto um pianista toca. O instrumento vermelho já levou alegria a diversos lugares, conta Resende, e a intenção é levá-lo, em Pelotas, à Beneficência Portuguesa, à Santa Casa de Misericórdia, ao Calçadão da Andrade Neves e ao Presidio Regional.
Os shows no Largo do Mercado são realizados em dois pianos de meia calda, de frente um para o outro. A programação noturna, que vai até domingo, é bem diversificada.
Veja o repertório*
Segunda-feira (9) – 8 pianistas tocam repertório de clássicas e eruditas
Terça-feira (10) – Tangos e Boleros
Quarta-feira (11) – Hits dos anos 1970 e 1980
Quinta-feira (12) – Homenagem a Roberto Carlos
Sexta-feira (13) – The Beatles
Sábado (14) – Chorinho, com participação especial do Clube do Choro
Domingo (15) – Noite de Jazz, com participação de Glória Magé e Eduardo Varella
*todos os shows, abertos ao público, ocorrem das 19h30 às 21h
*todas as participações são sem cachê
Aos 82 anos, dona Ceny Oliveira Soares era uma das visitantes mais entusiasmadas, fotografando tudo. “Falou a palavra música, já estou lá. Acompanho tudo, mesmo com chuva. Adoro música! Adoro o Festival (Sesc) e, quando termina, já estou esperando o próximo”, revela. Casada há 60 anos, conta que tem várias coisas em comum com Resende. Além do amor pela música e por Pelotas, tem dois filhos que moram em Brasília e um neto, que toca em uma banda.