É tempo de colheita do fumo em São Lourenço do Sul

Família Thurow produz fumo há mais de 20 anos. (Foto: Catarine Thiel)

Amanhece e os fumicultores já estão preparados para ir à lavoura para aproveitar o período mais ameno do dia. É tempo de colheita do tabaco! Colhe, grampeia, coloca na estufa, seca e prepara, é assim a rotina dos produtores de tabaco nesta época do ano. Um período de bastante trabalho e dedicação para tirar os melhores resultados da safra.

Em São Lourenço do Sul, são cerca de 3.500 famílias envolvidas na produção de tabaco, vivendo essa rotina durante o período. A cultura é uma das mais representativas no município, e ocupa uma área de quase 7 mil hectares, segundo dados Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).

Nesta safra houve uma redução de produtores e área em relação à safra passada, um fenômeno que tem se observado em todo meio rural, em que os produtores diminuem a produção de tabaco para investir em outras culturas, principalmente soja. Cada propriedade possui o seu motivo para diminuir a área, mas entre os mais frequentes estão a valorização dos grãos nas últimas safras e a falta de mão de obra para ajudar na colheita do tabaco, visto que para a produção são necessárias muitas pessoas e nos grãos a maior parte do serviço é feita através de máquinas.

Mas muitas propriedades não abrem mão do tabaco e investem na diversificação de culturas. É o caso da família Thurow, de Bom Jesus – 4 º distrito de São Lourenço do Sul, na propriedade eles produzem fumo, soja e milho. Simone e Eduardo produzem fumo juntos desde 1998, quando se casaram. Mas a cultura já estava na propriedade antes. Os pais de Eduardo, Edwin e Ledi, fizeram sua primeira safra em 1967, e o filho sempre acompanhou e aprendeu tudo com eles. Simone vem de outra realidade, mas conta que quando começou a trabalhar com o marido não sentiu dificuldades para aprender.

Hoje, o casal planta 75 mil pés de fumo, mas já chegou a plantar mais de 100 mil. Um dos principais motivos para a redução é a falta de mão de obra. Os pais de Eduardo ainda acompanham na colheita, mas em um ritmo menor. Já as filhas do casal, Kellen e Karen, ajudam nas férias da faculdade e do trabalho.

São 25 anos plantando fumo como casal. Simone explica que, nesse período, passaram por diversas dificuldades como a baixa produtividade e prejuízos por intempéries climáticas, mas que sempre continuam plantando pois o tabaco é o mais resistente à estiagem, diferente de outras culturas como a soja. Ela exemplifica falando que nesta safra o fumo sofreu bastante com a seca, mas que com um pouco de chuva ele já melhorava de aspecto.

O coordenador do Sistema Mutualista da Afubra, Geber Ehlert, explica que haverá uma quebra na produção devido à estiagem que atingiu diversas regiões nesta safra. A chuva foi muito mal distribuída e muitas regiões enfrentaram grandes períodos de seca. Além disso, o sol quente machucou bastante as folhas. “A cada ano o sol queima mais, com isso a produtividade e a qualidade do tabaco acabam sendo prejudicadas devido a esse clima bastante seco”, explica. Além da estiagem, outro fator que atingiu as folhas nesta safra foram os ácaros e pulgas, eles atacam as folhas e diminuem a qualidade delas.

Apesar disso, o tabaco é uma das culturas que mais traz renda para o meio rural, e é a mais indicada para a região em que as propriedades são menores e a mão de obra é toda familiar.

A família Thurow conta que pretende continuar na produção, que sempre lhe deu bons resultados, e que possuem toda estrutura para plantar e colher bem.

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