O que era sonho pode se tornar realidade, e o que era pequeno pode se transformar em gigante. Foi assim com a Cooperativa Mista dos Pequenos Agricultores da Região Sul Ltda. (Coopar/Pomerano), que nasceu do sonho de um grupo de 41 agricultores lourencianos, quando há quase 28 anos se uniram e organizaram para valorizar e comercializar os produtos das suas pequenas propriedades familiares.
De uma unidade comercial na vila da Boa Vista e captação de cinco mil litros por dia, em 2001, a cooperativa chega hoje a duas fábricas de laticínios, duas unidades de varejo, três unidades de secagem e armazenagem de grãos e dois postos de combustíveis. Em 2019, a produção deve atingir os 200 mil litros de leite por dia, asseguram o presidente Nildo Rutz, o gerente da indústria Fábio Bender e o supervisor administrativo Zilmar de Almeida. Eles ressaltam que o período de maior crescimento da cooperativa se deu entre os anos de 2008 e 2014. “As demandas vieram e nós as abraçamos”, afirma o presidente.
Além disso, a marca Coopar/Pomerano dá nome a produtos de reconhecida qualidade no estado e fora dele, como o queijo mussarela e o doce de leite, eleitos em 2019, assim como em 2015 e 2018, entre os melhores do estado, durante o Festiqueijo, promovido pela Associação Gaúcha de Laticinistas e Laticínios, juntamente com a Apil e Sindilat, na cidade serrana de Carlos Barbosa, obtendo a Medalha de Prata.
Eles anunciam para o ano que vem, um novo desafio com o lançamento de um produto diferenciado, o soro concentrado, feito a partir do fluído resultante do queijo, o que exigiu um investimento superior a R$ 2 milhões em equipamentos, na unidade da BR-116. Conforme os profissionais, 3,5 litros deste fluído resultam em um litro de soro, um creme com 40% de gordura e 20 a 22% de sólidos, que é resfriado e usado na fabricação de composto alimentar, consumido no Norte e Nordeste do país. “A linha de produção, já adquirida, deve começar a operar ainda este ano, e além de agregar valor, deve se tornar um diferencial da indústria”, dizem, destacando que o produto já possui três clientes certos.
Os diretores fazem questão de ressaltar a importância do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa) ligado à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) na fundação da cooperativa. A fundação da Coopar foi motivada pelo trabalho que os profissionais do Capa realizavam desde 1987, com agricultores de diversas localidades, seja oferecendo assistência técnica nas propriedades, ou motivando os agricultores a se organizarem em associações para produzir melhor e buscar comercialização mais rentável aos seus produtos.
Deste trabalho surgiram as primeiras associações, e após reiteradas experiências de comercialização através das associações, surgiu a necessidade da criação da cooperativa. A fundação ocorreu em 30 de maio de 1992. “Esta organização foi o grande impulso para o pequeno produtor”, afirmam.
O grande segredo, segundo eles, é a dedicação e o envolvimento com o produtor. A Coopar/Pomerano possui hoje quase 5 mil associados, 3,5 mil deles ativos. O carro-chefe é o leite, responsável por 60% do faturamento, destinado à fabricação do queijo mussarela, nata, requeijão e bebida láctea. A atividade envolve 900 produtores e 300 deles são recordistas de produção, responsáveis por 25% do leite recebido. A cooperativa também trabalha com grãos, como a soja e o milho e, segundo eles, é a única que ainda compra milho na região. Na soja, de 2010 para cá, área e safra dobraram na região.
No leite, a área de atuação é de 15 municípios, mas possui associados em 17. Entre as rotas mais longas está Morro Redondo, em que são percorridos 420 quilômetros para o recolhimento do leite, mas na maioria, o deslocamento não passa de 200 quilômetros.
Com as novas exigências estabelecidas pelas normativas 76 e 77, o número de produtores de leite diminuiu de 1,2 mil para 900. Segundo eles, 550 não estavam em conformidade com as portarias e quase 300 pararam de produzir. Houve um esforço grande por parte da cooperativa para que o menor número possível de produtores ficassem de fora da atividade. “O ideal seria um tempo maior de adequação às regras, diante dos problemas de energia elétrica e dificuldades de acesso às propriedades, devido ao caos nas estradas, ainda enfrentados por alguns produtores”, destacam.
Canguçu, com 322 associados é o município com o maior número de produtores de leite e responsável por 22% da produção. Mas o maior volume pertence a São Lourenço do Sul, com 268 produtores e 40% da produção. As propriedades possuem em média 30 hectares e uma produção média de 200 litros por dia.
A Coopar/Pomerano
Funcionários:
Diretos: 168
Indiretos (prestadores de serviços): 75
Área de abrangência:
São Lourenço do Sul, Pelotas, Rio Grande, Turuçu, Canguçu, Arroio do Padre, Cristal, Camaquã, Capão do Leão, Morro Redondo, Piratini, Cerrito, Dom Feliciano e Chuvisca.
– Na Matriz, em Boa Vista, interior de São Lourenço do Sul, ficam os setores administrativo, técnico e uma das unidades de varejo. A outra está localizada junto à filial da Picada Esperança.
– Duas fábricas de laticínios entregam ao mercado os produtos Pomerano:
– A primeira, com capacidade para industrializar 30 mil litros de leite por dia, está localizada no interior do município, no distrito de Boa Vista. Lá são fabricados os queijos lanche, colonial e gouda, nata e doce de leite.
– A segunda, com industrialização média de 100 mil litros de leite, está situada junto à BR-116. Equipada com tecnologia italiana, a fábrica produz: bebida láctea, nata, requeijão e queijo mussarela.
– As duas unidades têm 86 funcionários no total.
– Os produtos Coopar/Pomerano estão em mais de 100 municípios do Estado e vários municípios do Rio de Janeiro e São Paulo.
– O mix de produtos é composto pelos queijos lanche, colonial, gouda, mussarela, doce de leite, bebida láctea, nata, requeijão e leite UHT integral.
– O transporte é realizado por 25 caminhões, pelo menos dez são da frota própria e os demais de nove empresas terceirizadas.
– Possui duas unidades de Venda Direta ao Consumidor, uma localizada junto à Filial da Indústria de Laticínios na BR-116, próxima ao trevo de acesso ao município de São Lourenço do Sul e a outra na ERS-265, junto ao posto de combustível, no distrito da Boa Vista.
– Três unidades para secagem e armazenagem de grãos: uma localizada junto à Matriz, outra junto à filial da Picada Esperança e a terceira na localidade de Pedrinhas, na ERS 265. A capacidade de armazenagem é de 12,9 mil toneladas nas três unidades.
– Dois postos de combustíveis, um na localidade de Boa Vista próximo à Matriz e outro na Picada Esperança, junto à filial.
– Os associados recebem orientação técnica, com repasse de fertilizantes e sementes para o plantio de pastagens e assistência de médico veterinário.
– O leite UHT integral é industrializado em Taquara, região metropolitana de Porto Alegre, com matéria-prima local e volta para comercialização na Zona Sul.
– Atualmente, o soro é vendido para a cidade de Teutônia, na região Central do Estado, onde transforma-se em composição láctea e ganha versão em pó.