Epidemiologista Pedro Hallal recebe a Medalha do Mérito Farroupilha

Ato ocorreu nesta terça-feira (6) (Foto: Joel Vargas)

Na véspera do Dia Mundial da Saúde, a Assembleia Legislativa concedeu a Medalha do Mérito Farroupilha, principal distinção conferida pelo Parlamento gaúcho, ao epidemiologista Pedro Hallal, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador do EPICOVID-19, o maior estudo sobre coronavírus no País. Proposta pelo deputado Zé Nunes (PT), a homenagem ocorreu de forma híbrida no início da tarde desta terça-feira (6) na Sala da Presidência.

Hallal é graduado em Educação Física e possui mestrado e doutorado em Epidemiologia pela Universidade Federal de Pelotas. Realizou estágio pós-doutoral no Instituto de Saúde da Criança da Universidade de Londres e, em 2011, venceu o prêmio Wellcome Trust Young Investigator, com o qual obteve financiamento para suas pesquisas sobre efeitos da inatividade física na saúde. Foi o mais jovem professor a conduzir uma instituição federal de Ensino Superior no país e também o mais jovem afiliado da Academia Brasileira de Ciências.

Ao colocar Hallal na galeria de nomes como Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Graziela Maciel Barroso, Adolfo Lutz e Suzana Herculano, o deputado proponente disse que a homenagem é à ciência, ao conteúdo intelectual e à democracia. “Se mesmo com orçamentos apertados, nossas universidades, pesquisadores e pesquisadoras estão entre os melhores do mundo, onde chegaríamos se a ciência brasileira fosse priorizada e valorizada?”, questionou Zé Nunes.

O deputado afirmou que Hallal conferiu destaque ao Rio Grande do Sul no cenário nacional pelo seu trabalho no enfrentamento à pandemia e representa uma voz importante na luta pela autonomia universitária e pela democracia. “O nome de Pedro Hallal representa as várias pessoas que atuam ao seu lado e na linha de frente no combate à doença e também os que questionam a ausência de uma política nacional de coordenação ao enfrentamento à pandemia”, ressaltou.

Hallal agradeceu a homenagem de forma criativa, de acordo com orientações de familiares. Seguindo as dicas do pai, Pedro Curi, ressaltou que se trata de uma vitória coletiva: da Região Sul, de Pelotas, da UFPel, da Escola Superior de Educação Física, da Ciência e da Educação. Por influência da mãe, Tânia Hallal, falou como um pacificador e agradeceu aos cidadãos gaúchos que se manifestaram, por meio de um abaixo-assinado, contra a concessão da insígnia para ele. E por sugestão da esposa, Aline Lamas, foi direto ao atribuir o avanço descontrolado da pandemia no País à negativa do governo federal de se guiar pela Ciência. “O Brasil perdeu mais de 330 mil vidas. Pelo menos, 250 mil poderiam ter sido salvas se não fosse a negativa do governo em seguir as orientações científicas”, apontou.

Manifestações

O presidente da Assembleia Legislativa, Gabriel Souza (MDB), disse que é um orgulho para o Parlamento gaúcho entregar a Medalha do Mérito Farroupilha a um cientista, especialmente, num momento de pandemia causada por uma doença que ainda está sendo conhecida. Ele lamentou a promoção da desinformação e do discurso anticiência, que atingem setores significativos da sociedade e contribuem para o aumento das mortes, e reafirmou que é preciso enfrentar a Covid-19 com conhecimento científico.

O governador Eduardo Leite lembrou que o trabalho de Hallal colaborou para que sua gestão entendesse a evolução da crise sanitária no Rio Grande do Sul e analisasse causas, consequências e alternativas disponíveis. “Quando estamos dispostos a dialogar e seguimos dados científicos, erramos menos”, pontuou.

O ex-ministro da Educação Fernando Haddad se manifestou virtualmente, ressaltando que a “contribuição de Hallal ao Brasil está só começando”. “Soube da ameaça que pairava sobre o Brasil antes de todos. Soube resistir às trevas em que nosso País está mergulhado e a colocar a Ciência acima de interesses pessoais. Estás entre os que serão capazes de reconstruir nossa nação”, declarou.

A cerimônia foi acompanhada de forma virtual por lideranças políticas da Região Sul, por integrantes da comunidade acadêmica, pela reitora da UFPel, Isabela Fernandes Andrade, pelo presidente do Tribunal de Contas do Estado, Estilac Xavier, pela secretária de Saúde, Arita Bergmann, pelo ex-governador Miguel Rosseto, pela deputada federal Maria do Rosário (PT/RS) e pelo deputado federal Henrique Fontana (PT/RS).

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