Brasileiros dão show de solidariedade em ultramaratona virtual

Pela primeira vez, em 99 anos, evento sul-africano ocorre à distância. Foto: Arquivo pessoal/Nato Amaral

O domingo (14) foi um histórico para atletas solidários e apaixonados por corrida. Mais de 35 mil pessoas ao redor do mundo participaram da Ultramaratona Comrades, um evento criado em 1921, na África do Sul, para ajudar os mais necessitados. Pela primeira vez, a competição ocorreu à distância, por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19). E o Brasil foi a nação estrangeira com maior número de inscritos: 1.600 participantes.

A Comrades foi idealizada por um soldado que lutou na frente da África Oriental durante a Primeira Guerra Mundial, de acordo com o embaixador e atleta da prova no Brasil, Nato Amaral. “Esse evento é muito esperado pela população local. Além da parte esportiva, tem o lado solidário. É uma prova bem famosa por lá por ter esse cunho solidário para o pessoal que infelizmente ainda vive com muitas necessidades naquela região”, relatou Nato Amaral à Agência Brasil.

Presencialmente, o trajeto era de aproximadamente 90 quilômetros, entre as cidades sul-africanas de  Pietermaritzburg, onde nasceu o soldado, e Durban. Excepcionalmente, na prova deste domingo (14), os participantes puderam escolher entre cinco distâncias: 5 km, 10 km, 21,1 km, 45 km e 90 km. “Foi uma enorme sensação de união neste período de isolamento social forçado pelo coronavírus. Mostramos que a solidariedade pode vencer a doença. Seguindo as orientações das autoridades sanitárias, o evento transcorreu muito bem. Mais uma vitória da vida “, ressaltou Nato Amaral, que já participou de 16 provas presenciais no país sul-africano. Ao contrário das provasanteriores, quando percorreu os 90 km, ontem (14), este ano ele fez o trajeto de 21,1km, por ruas da capital paulista, finalizando a corrida em 2h07min07s.

Também em São Paulo, a corredora Zilma Rodrigues fez os 90 km, em um circuito de apenas 3 km no bairro onde vive. Além de finalizar o longo percurso em 10h33min38s, a atleta curitibana, que já participou de outras 12 provas na África do Sul, colaborou com duas entidades assistenciais. “Aqui na Vila Maria, na Zona Norte de São Paulo, estivemos arrecadando ração para animais abandonados e fizemos também uma ação social para arrecadar fundos para a ONG Olhar da Bia, um pessoal que faz ações sociais em escolas públicas da região. O desafio era a pessoa tentar acertar o meu tempo na prova. Dando cinco reais, concorria a um kit com bermuda e um top. O mesmo que eu usei durante a prova. É assim que se transforma a sociedade através do esporte. A pandemia dificultou um pouco, mas mesmo assim vencemos”, contou entusiasmada Zilma.

Outro maratonista que aproveitou a oportunidade para ajudar os mais carentes foi o gaúcho Niumar Velho. Ele percorreu O “Aproveitei a oportunidade para propor também esse desafio dos palpites. O pessoal poderia tentar acertar o tempo que eu iria finalizar a prova. Cada palpite valia cinco reais. Foi muito bom, conseguimos arrecadar mais de 50 cestas básicas e muitos agasalhos. Durante a semana, vamos distribuí-las às entidades da nossa região, já que o inverno está chegando e tem muita gente precisando de ajuda por aqui”, explicou o atleta . O gaúcho, que já havia participado de três provas presenciais da Comrades, completou a prova domingo (14) em 03h03min50s.

Por ter sido realizada de forma virtual, a edição deste ano da Ultramaratona  não contou para os registros dos atletas, ou seja, não foram computados os tempos para definir vencedores em cada uma das distâncias. A única exigência aqui no Brasil era de que o atleta finalizasse a prova entre 00;00 às 23h de domingo (14). Os tempos foram registrados por relógios ou cronômetros portados pelos atletas durante os trajetos. Os marcadores de tempo serão  enviados aos organizadores da prova na África do Sul.

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