Estamos vivendo uma comoção mundial, enfrentando mais uma pandemia. Há 100 anos o mundo já enfrentava outra pandemia, a da “gripe espanhola”, responsável pela morte de 50 a 100 milhões de pessoas no planeta. A doença também chegou à Pelotas, onde centenas perderam a vida.
Naquele tempo, não tínhamos o avanço da tecnologia, aparelhagem, insumos adequados, pesquisas e testes tão avançados como hoje. O mundo avançou! E nos perguntamos: Por que estamos novamente passando por outra pandemia? Uma pergunta que parece não ter resposta. Na realidade, o que atualmente estamos vivenciando é uma crucial crise na saúde; problema enfrentado há muito tempo por países em desenvolvimento como o Brasil.
E para agravar e evidenciar essa doença que carcome nossa sociedade na esfera da saúde pública, surge um novo inimigo. O inimigo invisível que ameaça agora toda a humanidade e que nos iguala, independente de credo, etnia, gênero ou condição social: Covid-19. E aqui, neste momento, percebemos que existem práticas de solidariedade e fraternidade para com o nosso próximo. Acontece o tão esperado reconhecimento aos profissionais da saúde, da educação, e segurança. A cautela e cuidado com seus familiares, a valorização da família. Por que tomamos atitudes tão fraternas só quando estamos em crise, em perigo e na iminência de perder a vida?
Bill Gates, fundador da Microsoft, dono de uma fortuna de 100 bilhões de dólares, vai fazer um investimento no desenvolvimento de sete tipos de vacinas contra o coronavírus, tornou-se provavelmente a face mais emblemática do apelo à ação dirigida aos ricos e poderosos do planeta. E nossa ação, qual será? Façamos esses questionamentos frente à espiritualidade que nos une ao Senhor da vida.
Nosso espírito almeja estar em consonância com o bem-estar e a felicidade. Nunca o homem esteve tão prostrado, de joelhos, frente ao que não pode conter. Todos se unem para salvar a vida. Quanta ironia: a vida está continuamente ameaçada pela indiferença, intolerância e egocentrismo. O vírus nos torna iguais porque atinge a todos indistintamente; porém as desigualdades sociais, outra doença, são gritantes e desoladoras e transparecem em tempos de pandemia com toda a nitidez… Será necessária muita dor para derrubar os insensíveis. Jamais esta geração vivenciou uma sensação tão extrema de vulnerabilidade!
Que seja, então, através da tragédia desta pandemia, a reflexão e compreensão de vermos nossos semelhantes com benevolência, mansidão, paciência e humildade; e que após a crise, sigamos com o mesmo olhar cândido, sincero e fraterno. Que a humanidade possa construir uma “cultura de paz” e refazer as relações entre seus semelhantes; porque a cultura da guerra e do ódio já construímos. Essa já nos colocou onde estamos agora.
Premente no mundo é a aposta no amor ao próximo. Torna-se fundamental a prática da caridade e da misericórdia, sinais da grandeza da alma. Daqui para frente temos um compromisso, sem dúvida, de que ao passar pela curva que nos indicará alívio e cura, nosso comportamento, postura e ações mudem em consonância com um futuro de prosperidade ao planeta. Nada será como antes, e para os que creem na esperança, o mundo ainda será melhor, mais justo e fraterno.
Dora Mara de Almeida Domingues