*Primeiro suplente de deputado federal Marco Marchand
Estive acompanhando a assinatura dos primeiros contratos de empresas europeias que irão se instalar na faixa de fronteira do lado uruguaio. A primeira empresa deste programa vai se instalar em uma região que não chega a ter dez habitantes por km² e pretendem gerar algo ao redor de três mil empregos diretos num espaço de cinco anos. É tudo muito sigiloso, porque são projetos estratégicos que envolvem muitos recursos e muitos interesses.
A ideia é que o desenvolvimento da faixa de fronteira deva ser feito dos dois lados. “Se fossemos fronteira com um país rico, a fronteira seria diferente”. “Os empregos gerados beneficiarão uruguaios e brasileiros e os empresários brasileiros precisam despertar para o fato de que é mais fácil abastecer o norte do Uruguai pelo Brasil que por Montevidéu”.
Outro projeto que está sendo desenvolvido é a Hidrovia Uruguai Brasil (HUB). No mês de setembro acompanhamos empresários europeus/uruguaios e podemos ter notícias em breve, embora neste setor, tudo seja complexo, caro e demorado. Não parece haver uma postura efetiva do poder público para o assunto. Muitas coisas precisam ser feitas para alavancar a faixa de fronteira. A fronteira tem que deixar de ser vista como o fim dos dois países e se transformar no meio onde se processa a integração, que hoje é feita na relação entre Brasília e Montevidéu. Os prefeitos e vereadores precisam entender mais sobre o potencial da fronteira, precisamos de uma proposta nova, precisamos resgatar o espaço e oportunidades perdidas durante a formação do Mercosul e precisamos de uma estrutura diferente para as agências que atuam na fronteira, especialmente na Lagoa Mirim. Tenho falado com várias lideranças regionais e creio que as mudanças não vão tardar.
Pelo lado uruguaio, o político que alguns meses atrás deixou o comando geral do exército de seu país, se reuniu na capital federal com o vice-presidente Hamilton Mourão e líderes políticos interessados em integração regional, e palestrou na Universidade Central de Brasília, colocando sua postura decididamente favorável à integração regional e continental. Manini baseia sua posição no profundo conhecimento histórico, na necessidade de associar esses povos, que já têm uma vida muito em comum, e que precisam se unir para afirmar sua presença diante do difícil mundo contemporâneo.
“Então Manini é o homem da integração no Uruguai”, concluímos em uma de nossas reuniões de trabalho habituais com nossa equipe de projetos da área de navegação e fronteira, o Dr. Alexandre Barum e o capitão uruguaio Juan José Mazzeo, comentando as declarações de Guido Manini, candidato à presidência uruguaia pelo partido Cabildo Abierto, em sua recente viagem a Brasília.
As iniciativas do nosso grupo de trabalho apontam para atividades institucionais e de vida comunitária na fronteira, em aspectos que variam do cultural às iniciativas empresariais. Nesse sentido a integração é feita tanto no cotidiano das sociedades da região, como em tratados e em grandes obras públicas.
No passado recente, muitos líderes políticos aproveitaram o sentimento popular favorável à integração para seu próprio benefício político e as iniciativas foram tingidas ideologicamente. Segundo especialistas da área, a necessidade e as possibilidades de integração são muito mais importantes do que o mau uso que alguns governantes que já estão fora do poder puderam ter feito. O manuseio que se fez das forças de integração, na nossa opinião junto a Barum e Mazzeo, obriga a reforçar as diligências pela unidade regional e continental, mas desde uma perspectiva retamente orientada.
Trabalhamos com a posição favorável à integração, nosso grupo diverge a certas posições de governos anteriores, assim como o general uruguaio e candidato à presidência Guido Manini, esse também defende e mostra que a integração deve estar acima das bandeiras políticas.
Para acompanhar o pensamento histórico e geopolítico e as análises técnicas, os especialistas mencionados estão realizando ações práticas favoráveis à integração, como o estabelecimento na área de fronteira de empresas que introduzem novas atividades ou reforçam as já existentes.
Lutamos e trabalhamos focados em projetos que tragam o desenvolvimento para região sul e centro sul do Brasil, pois daqui saem as grandes produções primárias que alimentam nossa nação. Em recente carta ao Presidente da República pedi atenção ao nosso povo e ao nosso chão, o qual obtive carta resposta animadora por parte do presidente brasileiro. Concluo que me sinto honrado em liderar um grupo de trabalho constituído por outros líderes técnicos brasileiros e uruguaios com notável prestígio, experiência e conhecimentos como o Dr. Barum e o capitão mariner uruguaio Juan Mazzeo.