O cerne do Freio de Ouro resgatado na forma de livro

Obra assinada pelo veterinário Tunico Fagundes resgata a história da mais importante prova funcional da raça. (Foto: Carolina Jardine)

Será lançado, na próxima semana, na Feira do Livro de Porto Alegre, “Freio de Ouro – Volume II”, do veterinário uruguaianense José Antônio Marques Fagundes, o Tunico Fagundes. A obra resgata a história da prova funcional mais importante da raça e busca resgatar aquilo que o autor classifica como o cerne do cavalo crioulo no Rio Grande do Sul: a integração da nação de a cavalo.

“Uma coisa é ter cavalo, outra coisa é saber andar a cavalo e outra é ser de a cavalo, que é aquela pessoa que domina completamente o cavalo”, ensina Fagundes.

Do alto de seus 81 anos, o veterinário não apenas testemunhou o surgimento do Freio de Ouro como participou como da primeira edição realizada em 1982, com a égua Sombra do Coqueiro, de propriedade de seu pai e que terminou como quinta colocada. Ao participar da seletiva realizada em Jaguarão, Fagundes conta ter descoberto algo muito mais valioso e prazeroso do que a competição.

“Aqueles acampamentos durante as provas marcaram época e criaram uma nova modalidade de a gente participar de exposições, que eram muito acirradas, haviam até famílias que não se davam por conta da competição e o Freio de Ouro desmistifica isso, porque durante a noite, lá em Jaguarão nos primeiros anos a gente brincava e havia uma interação sadia que modificou muito esse conceito atraindo, inclusive empresários de outros segmentos e outras raças, que começam a querer participar e se incorporam ao freio. Eram famílias inteiras participando e se envolvendo”, diz.

As histórias de galpão e os causos por trás das provas, colecionados ao longo de cinco décadas de envolvimento com o Freio de Ouro desfilam pelo livro ao lado de registros detalhados de cada edição obtidos em mais de 400 atas da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC). A partir deste acervo documental Fagundes constrói uma linha do tempo capaz de resgatar e registrar cada pormenor da história da prova até 2022.

“Eu quis separar em dois livros porque no livro um eu conto a gênese, como nasceu, porque nasceu, como foi, as pessoas responsáveis por isso, enfim todos os detalhes anteriores ao primeiro Freio. E o segundo livro conta o Freio desde 1982 até 2022, contando ano a ano, presidente por presidente com todos os fatos que aconteceram naquela época”, explica.

Causos de todos os tempos

“Não dá só para falar sério, a gente tem que rir um pouco”, assim Fagundes justifica a apresentação de causos de gente que de um modo ou outro fez parte da história do Freio de Ouro. Dessa forma desfilam pelas páginas aventuras como as protagonizadas por companheiros de campereadas como Juca D’arriaga, que chegou a se fantasiar de vampiro para literalmente tocar o terror pelas ruas de Jaguarão, nas noites das seletivas do freio e, também, pela gauchada envolvida com o cavalo crioulo.

“Fiz questão de colocar isso porque é muito importante que sintam e se deem conta da pureza, da humildade, da dignidade, da sinceridade deste nosso homem do campo, desse nosso homem de galpão que tem uma franqueza e uma sinceridade fora do comum e que precisa ser reconhecido”, afirma.

Ao trilhar pelo caminho da valorização do lado humano do Freio de Ouro, Fagundes admite tentar tocar o coração dos leitores e tentar fazer com que desviem o olhar da competição profissionalizada e milionária e mirem no que realmente importa: “eu gosto muito de mostrar para as pessoas como somos, como nasceu e na esperança de que isso continue porque quanto mais profissional fica o freio, mais distante ficam as pessoas umas das outras e eu não gostaria de ver isso, quero que as pessoas sintam a mesma paixão que sentíamos pela prova independente de estarmos concorrendo ou não”.

Lançamentos

Nesta sexta-feira (8), “Freio de Ouro – Volume II” será lançado na área da ABCCC, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Na próxima segunda (11), o lançamento aconteceu na 70ª Feira do Livro de Porto Alegre. Um lançamento na sede da ABCCC, em Pelotas, está nos planos do autor, mas ainda não há uma data prevista.

O livro tem na capa ilustração de Felipe Constant, a apresentação é de Roberto Davis e o prefácio de João Alberto Dutra Silveira. O livro tem depoimentos de expoentes da raça: Bayard Bretanha Jacques, Gilberto Centeno, Luiz Carlos Albuquerque, Mariana Tellechea e Oslvaldo Pons. Editado pela Viapampa, tem como apoiadores Rações Supra, Parceria Leilões, ABCCC, Churrascaria Santo Antonio e Bodega Sossego.

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