Um velho mundo rearranjado…

As chuvas amenizaram a estiagem que se abateu sobre o Rio Grande do Sul. Foi uma trégua, havendo a possibilidade de normalizar o fluxo e minimizar o sofrimento enfrentado no abastecimento da população e na produção agrícola. Se não fosse a pandemia do coronavírus, este seria o tema em pauta, pois, hoje, cerca de dois terços dos municípios do estado já tiveram que recorrer à emergência, seja para evitar o racionamento ou encontrar solução para a quebra de safras.

Os jornais do fim de semana mostraram o aumento do número de propriedades rurais precisando de abastecimento através de caminhões-pipa, em lugares onde cacimbas e poços, arroios e riachos secaram, mostrando o que sobrou em águas barrentas que não podem ser consumidas. O sofrimento sentido pelos agricultores é dimensionado pela perda da produção, assim como o definhamento de animais que percorrem as propriedades em busca de comida e de um pouco de água para saciar a sede.

No meio urbano, resolver o problema depende de educação da população para economizar, consumindo de forma racional, reutilizando para o próprio uso e para não deixar morrer plantas e animais. E, também, o setor público necessita planejar ações antevendo a demanda, conforme aumenta a população, uso industrial e comercial. Caso de Pelotas, que não conseguiu transpor as águas do São Gonçalo, embora Rio Grande já o tenha feito há décadas, solucionando seus problemas de abastecimento.

No frigir dos ovos, o que se vê, são tempos de crise na área da saúde e da política brasileira, e que embora o quadro esteja mais para tempestade, alguns já pregam que “um novo mundo é possível”. De tudo o que estamos vivendo, é bem possível que se tenha, sim, é um velho mundo rearranjado. A solução continua sendo a mesma e não se faz a curto ou médio prazo: educação. Não precisamos inovar, mas fazer o que outros já fizeram para resolver problemas básicos da saúde, educação, segurança, moradia…

No dizer de J. J. Camargo: “tudo o que tem sido copiado de países desenvolvidos precisa ser revisto sob o prisma de nossas gigantescas desigualdades sociais”. Momento propício para que algum aventureiro acenda o rastrilho… ou que a sociedade já não tão organizada – e omissa – faça um pacto de sobrevivência e tome novamente as rédeas da atuação pública que entregou às forças político-partidárias.

E o que se vê? Enquanto alguns enfrentam todas as intempéries para conseguir ajuda, assistem-se discussões de políticos bem nutridos, em ambientes onde grande parcela da população nunca vai transitar. E pensar que a culpa é, exatamente… do seu voto! Político não faz favor quando lhe presta serviço, ao contrário, é pago – e bem pago – e se fiscalizado fosse poderia consolidar a grande meta da democracia: governo eleito pelo povo, administrado com o povo e exercido para o povo. O que será que está faltando?

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