Tempos bons

Noutros tempos, aqueles em que amizade era amizade de fato, amigo não ficava em cima do muro. A gurizada se juntava na esquina da Casa do Povo Piratini lá pelas 22h para contar piadas e causos, falar dos outros que não eram da turma e se ia madrugada afora até o seu Biriva, dono do hotel, nos botar campo afora.
Eram 10 componentes, todos de fé. Quem se fresquiasse era expulso. Naqueles tempos não havia pandemia e as doenças eram sarampo, varíola e catapora – apelidada de gato de espora – e os malditos furúnculos, geralmente na dobra do joelho.
Nossos curandeiros eram Dr. Niquinho Taddei, no 5º Distrito, e o seu João Almeida, na cidade. Remédio homeopático e caldo de galinha caseira. Éramos felizes e não sabíamos. Futebol no campo do Noquinha com bola de borracha. Traíra roubada na rural, nos Lessa, no Tidie vizinhança a caçarola era frequente.
Pés descalços para aumentar a imunidade. Nós tínhamos o menor caçador do mundo, rapina, que partiu nas asas do vento deixando lembranças.

Tempos brabos
Maldita pandemia sem cheiro, sem cor e matando pobre e rico de roldão. Acabou os campinhos de futebol, roubar uma galinha. Agora é roubar fortunas da saúde, educação, segurança. Não nos dão nada de presente, mas nos mandam essa maldita pandemia.

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