População do capão do leão se mobiliza contra aterro sanitário

Sérgio Corrêa, jornalista e radialista.

Na noite da última quarta-feira, o salão da Paróquia Santa Tecla, no município do Capão do Leão, recebeu aproximadamente 300 pessoas que participaram de audiência pública proposta pelo vereador Renato Póvoa (PT), com o apoio de outros vereadores, atendendo pedido da população contrária à instalação de um aterro sanitário na Capela da Buena.

O grupo responsável pelo movimento contra a instalação do aterro, composto por agricultores, moradores, comerciantes, vereadores e outras lideranças, alega que a mobilização surgiu a partir da falta de iniciativa da prefeitura do Capão do Leão em estabelecer um diálogo com os moradores da Capela da Buena, que não foram procurados pelo Executivo para tratar do assunto.

Se, por um lado, a prefeitura não buscou ouvir a comunidade e passou a fazer publicações nas redes sociais oficiais falando sobre geração de emprego e outros aspectos com viés positivo sobre a instalação do aterro, inclusive resultando na visita de vereadores ao município de Victor Graeff, onde a empresa possui um aterro sanitário, por outro, a população decidiu exercer seu direito de manifestação e participação nas decisões que podem impactar a comunidade de diversas maneiras.

A coluna apresenta trechos da manifestação da agricultora Débora da Silva Cardoso, que, emocionada, agradeceu à população que entendeu o chamamento e compareceu em grande número. Ela disse: “Vocês têm consciência: se vocês não estivessem aqui, essa empresa já estaria instalada. Não é a Débora que levantou esse grupo para vir aqui estar presente. A gente sabe o trabalho que passamos todo dia, pode estar cada onda de calor, mas a gente tá lá trabalhando. Eu me orgulho muito dos meus avós, do meu pai, da minha mãe, que sempre me ensinaram o que é correto. É isso aqui, essa água de cacimba que eu quero oferecer para os meus filhos saírem com bastante saúde. Eu produzo morango orgânico, sem nenhum agrotóxico. Se eles quiserem pegar e comer, podem pegar e comer.

Eu quero deixar o muito obrigado a todos que estiveram aqui e a um mês atrás, mais ou menos, quando vieram. Porque a prefeitura nunca foi lá na comunidade dizer: ‘O que vocês acham, população, de a gente deixar aqui instalar um lixão? Não é um aterro sanitário. Porque aterro sanitário tu reaproveita 80%, tu recicla o teu lixo, e só 20%, o que não se aproveita, é que vai para o aterro sanitário. É um desastre ambiental caso rompa com uma geomembrana, como nós temos aqui nas Pedreiras, que fazem todo o movimento da terra que a gente sente lá.’ Então, o que eu digo é: obrigado a cada um de vocês por estarem aqui presentes. Estamos juntos e ainda não vencemos, porque precisamos, sim, do parecer da gestão. O prefeito e o vice, enquanto não falarem que está descartada essa hipótese, não vão nos vencer no cansaço. Se tiver que vir de novo, a gente vai vir e peço para todos os vereadores aqui presentes para a gente tirar esse tormento da cabeça da gente na Capela da Buena, que é esse aterro sanitário, para nunca mais instalar no nosso município.”

Opinião do colunista: Se até o momento o prefeito, o vice e o secretário de Meio Ambiente não se manifestaram publicamente sobre algum pedido de alvará ou licença que indique, por parte da empresa, o desejo de se instalar no município, somado ao fato de não terem comparecido à audiência pública, essa omissão do Executivo mantém a população tensa e desinformada sobre a real situação da instalação do aterro sanitário. Nesse caso, o Legislativo Municipal tem por prerrogativa legislar, inquirindo o prefeito para que esclareça a situação. Caso contrário, o próprio Legislativo pode resolver a contenda por meio de projeto de lei que proíba a instalação de aterros sanitários no Capão do Leão.

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