O outro lado da Revolução Farroupilha

Paulo Souza.

Olá amigos que acompanham as colunas que escrevo neste jornal e na internet; em muitas publicações eu defendo os ideais dos Farroupilhas, mas hoje, instigado por um amigo, vou mostrar o outro lado da Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos:

A história “oficial” dos livros didáticos afirma que a Guerra dos Farrapos que resultou na temporária República Rio-Grandense foi “um conflito regional contrário ao governo imperial brasileiro com caráter republicano e abolicionista”. E “ocorreu na província de São Pedro do Rio Grande do Sul entre 20 de setembro de 1835 a 1 de março de 1845”.

A Guerra dos Farrapos não pode ser considerada uma guerra popular por melhores condições de vida e trabalho, mas deve ser entendida como um conflito entre as classes dominantes do Rio Grande do Sul e o Império do Brasil (sob o comando de Dom Pedro II, uma criança de 10 anos). Em poucas palavras, tratou-se de uma guerra entre latifundiários gaúchos e o governo imperial.

Por que os estancieiros se revoltaram?
A classe dominante e escravagista gaúcha (ricos fazendeiros) estava descontente, pois o governo do Brasil havia aumentado os impostos sobre seus produtos (couro e charque), tornando a importação de produtos uruguaios muito mais barata para o resto do país.

Os Lanceiros Negros… [ou bucha-de-canhão?]
Com a necessidade de aumentar sua infantaria, o exército farroupilha passou a recrutar os trabalhadores escravizados, inclusive crianças negras. A verdade é que esses negros não pertenciam aos farrapos. Eram os trabalhares escravizados daqueles que apoiavam o império do Brasil e que, iludidos pela promessa de serem libertados, fugiam para o lado dos revoltosos ou eram capturados em batalha. Os negros não lutavam pelos ideais dos farrapos (mais dinheiro e menos impostos). Eles iam à guerra “em troca” da promessa de receberem sua carta de alforria.

A solução mais fácil
Prontos para receberem sua alforria, os Lanceiros Negros e o restante das tropas comandadas por David Canabarro (outro “herói gaúcho”) se encontravam em Porongos (atual município de Pinheiro Machado). No dia 14 de novembro de 1844, as tropas farroupilhas de Canabarro foram atacadas de surpresa por tropas do governo do Brasil, matando grande parte dos soldados negros.

O que realmente aconteceu?
Os Lanceiros Negros eram proibidos de usar espadas ou armas de fogo de grande porte. Tampouco lutavam a cavalo. “Sua arma principal era a grande lança de madeira que lhes deu nome e fama, algumas facas, facões, pequenas garruchas, os pés descalços, a bravura e o anseio pela liberdade prometida”.

Documentos militares comprovam que o general Canabarro (farroupilha) ordenou que todo o armamento no acampamento dos soldados negros fosse recolhido um dia antes da carnificina. E na madrugada do dia 14 de novembro de 1844, os soldados imperiais, sob o comando do general Moringue, atacaram as tropas farroupilhas, avançando somente contra o acampamento dos negros que estavam em condições desiguais de luta e totalmente desarmados. Estima-se que 600 a 700 homens negros foram cruelmente assassinados. Dava-se assim uma solução para “o problema dos negros”.

Por hoje é só amigos, até a próxima coluna tchê!

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