A mais clássica e sucinta definição de pandemia é: “uma enfermidade amplamente disseminada”. No caso, agora, relativo ao coronavírus, que marcou parte da sociedade pelo medo da morte; dos efeitos colaterais sobre pessoas em situação de risco que foram infectadas e se recuperaram; mas, também, sobre o que vai acontecer com a economia, no novo normal, que ainda não mostrou sua cara. A outra parte surfa na ignorância e não se importa com o que vai acontecer, desde que possa aproveitar o seu momento do agora.
Na semana que passou, o professor Roni Quevedo falou em artigo sobre prejuízos causados pelo fumo: a produção e seus efeitos sobre o corpo, mas já tratara da morte lenta pela debilidade da saúde, assim como o prejuízo para outros que, em muitos casos, se tornam fumantes passivos. Conversamos a respeito e falamos também sobre o álcool, duas das chamadas drogas lícitas, que têm seu consumo aumentado em tempos de crise, servindo de escape para momentos difíceis, quando se tem dificuldades de enfrentar uma situação.
Também ouvi a narrativa de conhecida que contou o caso de pessoa recuperada do coronavírus. Saudável, disposta, esbanjava energia, no pleno vigor da sua maduridade… debochando dos preocupados, expôs-se e foi infectada. Voltou do longo período de internação, alquebrada, assustada, como se fosse alguém que, durante longo tempo, estivera dependente de drogas socialmente permitidas: álcool e cigarro, por exemplo. As marcas físicas e psicológicas, com o constante medo de que um simples resfriado causasse a morte.
Muitas pessoas fizeram da sua atividade serviço para alertar e prevenir problemas, como agora, pedindo cuidados com a higiene e distanciamento social. Mas, também, com o meio ambiente (e foram taxados de “ecochatos”), com as bebidas alcoólicas (estraga prazeres), assim como quem acendeu o sinal amarelo com relação ao fumo. Todos foram considerados inoportunos e, porque não dizer, uns chatos. O professor Roni é um “chato”, que considera sua cruzada contra o fumo uma missão. Ele alerta para os custos de uma pandemia silenciosa.
Somam-se aos problemas com saúde pública, a deficiência na educação e na informação. A dor ensina a gemer e, em muitos casos, quando se vê alguém sofrendo em casa ou na vizinhança, aparecem máscaras, álcool gel e se aumenta o distanciamento. Quando o corpo dá sinais de que passou do seu limite, começa a busca por abandonar a dependência. Mas não há milagres. Mesmo que se acabe com um vício, vive-se o resto da vida com um estigma: o primeiro gole, a primeira tragada e tudo retorna. É quando a natureza apresenta a sua conta.
Creio que Jesus Cristo também foi um chato – para quem o assistia e, quando insistia em falar de amor e fraternidade, queria milagres, o pão ou um jeito de se livrar de Roma. O trabalho do Roni é uma parte deste amor pela humanidade, a luta por pessoas sadias, com o direito de desfrutar bem a própria vida. Uma vida que, tragada pela fumaça, perde o sentido: evapora energias e consome até mesmo a autoestima – o respeito pela própria existência!