Nada mudou

Desde a chegada do coronavírus ao Rio Grande do Sul, o Estado e os municípios da Zona Sul tiveram tempo para preparar a estratégia de enfrentamento. No entanto, uma situação se repete há quase seis meses.
Enquanto as cidades minimizaram a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os profissionais de saúde e contornaram a falta de leitos, de respiradores e de testes, avançávamos em direção ao pico de contágio.

Nada mudou I
Há cinco meses, o governo estadual anunciava a contratação de laboratório agropecuário em Pelotas para realização de exames de Covid-19. O valor do contrato era próximo de R$ 8 milhões.
A contratação provocou questionamentos de entidades que atuam na área da saúde. Isso se deu em razão de que, até aquele momento, o laboratório havia feito apenas análises em bovinos para exportação.
O Conselho Regional de Farmácia encaminhou um documento à Secretaria Estadual de Saúde, comunicando que o RS possui mais de 1 mil laboratórios registrados.
O governador Eduardo Leite disse, na época, que a Secretaria da Saúde procurou outros laboratórios e que estes relataram ter os equipamentos, contudo, faltavam os insumos necessários para a realização dos exames.
O processo de contratação foi parar no Ministério Público, então o Estado suspendeu o contrato.

Nada mudou II
Enquanto os políticos cruzaram os braços, os laboratórios que o governador disse que não tinham insumos, adquiriram e passaram a oferecer testes para quem quiser, entregando resultados em dois dias.
Caros leitores, é do conhecimento desse colunista que aquela agropecuária, que teve o contrato com o Estado suspenso, atualmente realiza exames para, pelo menos, um município da região, que está pagando com recursos próprios.

Nada mudou III
Cinco meses depois, o governo do Estado não desfez a relação de dependência da região com o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul (Lacen). Diante disso, os municípios da Zona Sul continuam a enviar o material colhido nos testes ao laboratório.
Cinco meses depois, o Lacen continua levando entre sete e dez dias, às vezes até mais, para liberar o resultado.
Cinco meses depois, os R$ 8 milhões destinados ao contrato com a agropecuária poderiam servir para contratação de laboratórios de Pelotas para atender a região.

Nada mudou IV
Cinco meses depois, prefeitos/as e secretários/as de saúde, fazem “das tripas coração”, para proteger e atender a população.
Cinco meses depois, deputados fazem fotografias distribuindo nossos recursos através de emendas parlamentares.
Cinco meses depois, os vereadores continuam assistindo tudo isso, na cômoda posição de legisladores. Contudo, caros vereadores, ainda há tempo para vossas senhorias, em cada Casa Legislativa, elaborar uma carta ao governador, solicitando a contratação de laboratórios da região.

Nada mudou V
Durante cinco meses, homens e mulheres morreram enquanto aguardavam o resultado, que teve por finalidade única entrar na estatística.

A importância do aposentado
Nas últimas décadas, boa parte dos idosos que se aposentaram, cessando as atividades profissionais passou a ser invisibilizada por um modelo de sociedade onde o uso das redes sociais, o status do poder político, social e econômico, em alta velocidade, exclui quem não pertence a ele.
Esse modelo de sociedade confere a cada indivíduo um grau de importância conforme sua idade e funcionalidade.
Prefeitos, governadores e presidente compartilham 13 milhões de desempregados e outros milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade. Todos reconhecem no auxílio emergencial a garantia de sobrevivência dessas pessoas, assim como da economia. Porém, o auxílio não será eterno! O país, os estados e os municípios voltarão à realidade.
A importância dos milhões de aposentados, por sua vez, já é uma realidade. Nesse momento são eles que auxiliam filhos e netos que não têm renda. Com tantos desempregados, serão eles que, no pós pandemia, gastarão seus minguados R$ 1.045 movimentando a economia na geração de empregos.
Por tudo isso, é imprescindível reconhecer a importância dos aposentados, principalmente nos pequenos municípios, onde não há empregos, mas há renda da aposentadoria circulando na economia.

Enviar comentário

Envie um comentário!
Digite o seu nome