Idosos, jovens e pessoas com deficiência e a perspectiva de futuro

Sérgio Corrêa, jornalista e radialista.

Dia 11 de outubro é o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física. Sobre políticas públicas para PCDs é possível afirmar que, no papel, evoluímos, mas na prática ainda falta muito! Entre leis e ações implementadas pelos agentes públicos, diga-se Legislativo e Executivo, algumas tornaram-se realidade, porém, sem efetividade por falta de fiscalização ou de participação dos deficientes.

Trago dois exemplos sobre o exposto no parágrafo anterior, declarados em entrevista por pessoas com deficiência a este colunista.

O primeiro refere-se ao transporte coletivo de Pelotas. Cada ônibus deveria ter a plataforma hidráulica para o acesso de cadeirantes, no entanto, apenas alguns veículos possuem tal equipamento e muitas vezes não está funcionando. Isso faz com que o cadeirante espere muito mais tempo aguardando outro veículo que lhe proporcione o acesso e o transporte.

Cabe lembrar também que Pelotas, sendo a maior cidade da Zona Sul, ainda não dispõe de táxi ou transporte por aplicativo adequado para transportar cadeirantes sem tirá-los das cadeiras de rodas.

O segundo exemplo citado foi as rampas de acesso às calçadas, pois são construídas por quem não utiliza cadeiras de rodas, sem a opinião ou consulta, e muito menos testagem do acesso e das possibilidades de manobra por parte dos cadeirantes que são os usuários.

Alguns exemplos citados: calçada da Rua Voluntários da Pátria, entre Quinze de Novembro e Anchieta, bem como a calçada da Rua Gonçalves Chaves, na quadra do SESC. Além da dificuldade de acesso, são calçadas estreitas, que não possibilitam duas pessoas andarem juntas e nem uma pessoa cruzar pela outra em cima da calçada, sendo uma delas obrigada a descer para a via de trânsito de carros. Como age um deficiente visual nessa situação?

Outros exemplos são as calçadas da Rua Quinze de Novembro, entre Benjamim Constant e o Mercado Central, com meio fio muito alto. Talvez os jovens não saibam, mas estas calçadas foram construídas no passado, com altura suficiente para o desembarque confortável dos passageiros das carruagens. Hoje, a altura dificulta o acesso de idosos e de deficientes.

Prefeitos e vereadores deveriam nascer velhos e, ao longo do tempo, irem rejuvenescendo até tornarem-se crianças – talvez assim conseguissem pensar a cidade para o presente dos idosos e para o futuro dos jovens.

Hoje lidamos com a perspectiva de que o presente está representado pelos jovens e o futuro pelos idosos, que querem apenas envelhecer com qualidade de vida.
Sob esta ótica, é possível exclamar: nos falta o presente! Não há desenvolvimento em Pelotas que proporcione emprego e renda para os nossos jovens – o que garantiria a permanência dos filhos próximos das famílias. Tanto se fala em família, mas pouco a política efetivamente faz por ela.

Sob a mesma ótica, é possível exclamar também: nos falta a perspectiva de futuro! Além das questões da mobilidade urbana, Pelotas é uma cidade que não dá a devida atenção aos seus idosos. Quantos idosos aguardam em longas filas nos órgãos públicos para resolver problemas causados pelo próprio Poder Público, que muda formas de cobrança de tributos e muda concessão de benefícios, criando transtornos e dificuldades?

Quantos idosos aguardam por um medicamento na farmácia municipal ou na farmácia do estado, ou por uma consulta médica, quem sabe por um exame ou um procedimento
cirúrgico?

São milhares!

A única perspectiva que resta é esperar o despertar dos responsáveis pelas políticas públicas… enquanto isso, mantemos as vidas de jovens e de idosos sem presente e sem futuro.

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