Carta ao Papai Noel e pedidos

Sérgio Corrêa.

Carta ao Papai Noel

Querido Papai Noel, ao senhor, que é chamado de bom velhinho, quero dedicar meu carinho e afeto, assim como meu profundo respeito. Nossa amizade iniciou no século passado. Ou melhor, no milênio passado.

Ao escrever esta cartinha, me dei por conta que já se passaram 57 anos do nosso primeiro encontro, quando o senhor me trouxe um telefone, de matéria plástica. Entretanto, isso pouco importava para quem havia completado um ano de vida e queria conversar, falar com alguma voz naquele telefone. No entanto, ninguém falava comigo – situação que me deixou muito bravo com o senhor, a ponto de expressar a seguinte frase: “aquele Papai Noel… me trouxe um telefone mudo!”.

Hoje, com os cabelos grisalhos, pintados pelo tempo, confesso que ao longo dos anos os sentimentos produzidos pela magia do Natal me permitiram entender que o mais importante não era o telefone, mas sim o seu abraço. A conversa com o senhor, me perguntando se eu havia me comportado durante o ano.

O telefone, em poucos meses, estaria amassado, furado, atirado em um canto qualquer ou entregue a outra criança.

Já o seu abraço, até hoje, é algo indescritível! Um misto de medo, alegria e felicidade, que ainda hoje leva as crianças ao mundo dos sonhos, da magia e até mesmo da dúvida se você existe, se você é de verdade. Por tudo isso, uns choram, outros procuram tocar em você de longe, tem aqueles que se aproximam de mansinho e outros nos parece que já sabem o quão bom é um abraço do Papai Noel e, sem hesitar, se jogam no melhor lugar do mundo, que é dentro de um abraço segundo o Jota Quest.

Papai Noel, antes de escrever meus pedidos, desejo parabenizá-lo pelo cuidado que o senhor tem com as crianças nesse período de pandemia. Nós, do Jornal Tradição Regional, como profissionais do jornalismo, já investigamos e ficamos sabendo que o senhor tomou as duas doses e mais a dose de reforço da vacina contra a Covid-19!

PEDIDO Nº 1

Inicialmente, quero pedir que nos ajude a terminar com as desigualdades sociais, pois quem não vê, não convive ou não conhece pessoas que não têm dinheiro para comprar um botijão de gás, para comprar alimentos, que não conseguem um emprego ou até um trabalho como bico, pensa que isso não existe. Alguns dizem que estas pessoas não trabalham porque não querem. Não quero que os ricos fiquem pobres, quero apenas que os pobres deixem de ser pobres e que todos tenham o mínimo necessário para viver e ser feliz!

PEDIDO Nº 2

Papai Noel, gostaria que o senhor aconselhasse todas as pessoas que até agora não tomaram a vacina – diga a elas que tomem a vacina contra a Covid-19. Conte a todos e todas que as vacinas foram aprovadas pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a mesma agência que aprova os medicamentos para os doentes cardíacos, diabéticos, portadores de câncer, de HIV, bem como regula todos os outros medicamentos comercializados no Brasil, que mantém as pessoas vivas. Diga a todos que não precisam ter medo da vacina, mas que devem ter medo da ignorância, da falta de conhecimento, do fanatismo político, religioso e ideológico.

PEDIDO Nº 3

Papai Noel, para que o senhor entenda o motivo pelo qual meu terceiro pedido é um pequeno castigo, terei que lhe contar os motivos de tal pedido. Aqui no Brasil, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal em Brasília, a cada eleição aprovam um valor chamado de “fundo eleitoral” para gastarem nas eleições.

Ano passado, nas eleições municipais, foram eleitos 58.208 vereadores e 5.568 prefeitos. O fundo eleitoral para esta eleição foi de R$ 2 bilhões. Querido Papai Noel, um ano depois, deputados e senadores aumentaram o fundo eleitoral para R$ 4,9 bilhões, que será gasto em dois meses de campanha eleitoral em 2022, para eleger aproximadamente 2 mil cargos políticos.

Ao contar-lhe tudo isso, quero falar baixinho, no seu ouvido, dos deputados que dizem que representam a Zona Sul. Quero pedir que o senhor não traga presente para o deputado Afonso Hamm, pois ele votou a favor de gastar todo este dinheiro em campanha política. Peço que o senhor não traga presente para o senador Luiz Carlos Heinze e para o senador Paulo Paim, pois os dois também votaram a favor da gastança. Já para o deputado Daniel Trzeciak, o senhor pode trazer um presente bonito, pois ele votou contra esta gastança na campanha eleitoral.

Papai Noel, faltou um último pedido: diga para todos e todas que ainda ficam discutindo sobre esquerda e direita, que deixem de ser bobos. As ideologias sempre irão existir, porém ficam de lado quando se trata de interesses eleitorais – nessa hora não existe esquerda nem direita, pois tanto que Luiz Carlos Heinze (PP), de direita, e Paulo Paim (PT), de esquerda, votaram a favor do fundão eleitoral.

Feliz Natal!!!!

Enviar comentário

Envie um comentário!
Digite o seu nome