Eu tenho uma amiga chamada Alana Silva, que me enviou uma mensagem dizendo que o seu avô João Saraiva, que é neto do grande comandante da Revolução Federalista Gumercindo Saraiva, estava agora morando com ela e queria uma pilcha, pois tem orgulho das suas raízes. Claro que eu poderia dar uma pilcha para ele, mas resolvi conversar com o Romualdo Cunha, que é Patrão da centenária União Gaúcha J. Simões Lopes Nato que, além de doar a pilcha, vai fazer uma homenagem a esse senhor de 90 anos, que tem uma bela história de vida, já que foi domador e capataz de estância.
Mas vocês sabem que contar uma história para um escritor, que adora escrever uma bela história, iria se transformar em uma coluna no nosso Jornal Tradição Regional. Então escrevo um pouco da bela história do grande caudilho Gumercindo Saraiva.
GUMERCINDO SARAIVA
O Napoleão dos Pampas
Gumercindo Saraiva (Arroio Grande, 13 de janeiro de 1852 – 10 de agosto de 1894) foi um militar brasileiro, sendo um dos comandantes das tropas rebeldes (Maragatos) durante a Revolução Federalista.
Origens
Foi estancieiro e caudilho na região de Santa Vitória do Palmar, onde conduzia com força e lealdade as suas terras, sendo conhecido como amigo fiel e inimigo perigoso. Durante os últimos anos do Império, foi chefe de polícia daquela localidade.
Líder caudilho que arregimentava rapidamente uma montonera, seus prestígio dividia-se tanto pela amizade com vários políticos quanto pelos 15 mil hectares de terra e milhares de cabeças de gado que se estendiam pela fronteira sul do Rio Grande. Muitos que constituíam a sua montonera durante a Revolução Federalista eram falantes de espanhol que ele conhecera nessa lida na década de 1870 e começo de 1880.
Estes eram provenientes da região de San José, e se autodenominavam maragatos devido à origem dos primeiros colonos dessa região, alcunha pela qual ficou célebre o grupo federalista durante as hostilidades. Depois de viver os seus primeiros 30 anos no Uruguai, em 1883 retorna ao Brasil, onde nascera, fugindo da justiça. Foi também capitão de guerra, comissário de polícia e tropeiro.
O início da revolução
Em 1892, o governo de Júlio de Castilhos entra numa fase de instabilidade e o Rio Grande do Sul está em ebulição. De um lado os castilhistas Pica-paus, e do outro os federalistas maragatos liderados pelo General João Nunes da Silva Tavares, o Joca Tavares.
Gumercindo, tendo se negado a aderir e assim sendo perseguido pelo castilhismo, e a fim de levar a cabo a reforma constitucional parlamentarista do então exilado Gaspar da Silveira Martins, seu patrono político e amigo, resolve voltar ao Uruguai, onde os rebeldes estavam formando suas tropas.
Mas relembrar a Revolução Federalista, que foi uma guerra civil que durou dois anos e meio, é matéria para uma coluna completa, então deixo para outra ocasião.
A última batalha do grande líder Gumercindo Saraiva
Em 27 de Julho, Gumercindo Saraiva participou de sua última batalha contra os ximangos de Castilhos. Já tinha sido cooptado para comandar mais uma nova batalha, que ocorreu em 10 de agosto de 1894 em Carovi, e saiu a cavalo pela planura com o objetivo de reconhecer o terreno antes da luta. Nessa situação, foi encontrado por um castilhista de tocaia e baleado no peito, morrendo no local.
Dois dias depois de seu enterro, com novas derrotas maragatas, seu corpo foi desenterrado por tropas federais, que o decapitaram, como de costume. Depois, os ximangos colocaram a cabeça do militar numa caixa de sapatos e a levaram a Júlio de Castilhos.
Então caros amigos leitores, o Sr. João Saraiva tem sim que ter orgulho do seu sobrenome e de ser neto do grande homem que foi Gumercindo Saraiva.
Até a próxima, tchê!