Alto custo e baixo retorno agravam situação da bacia leiteira em Piratini

Com a chegada do calor, impossibilidade de manter a temperatura do leite preocupa (Foto: Divulgação/Emater)

A bacia leiteira de Piratini, em uma década, teve a redução de 70% relativa ao número de pessoas que buscam sobreviver da extração e venda do leite, conforme a médica veterinária e chefe do escritório local da Emater-RS/Ascar, Marina Sinotti.

Segundo ela, hoje o órgão atende cerca de 50 produtores e a redução fica explícita quando a comparação é feita com o ano de 2013, em que entre formais e informais a cidade possuía 250 pessoas nessa função, o que hoje, acredita ela, não passa de 100.

“Está tudo muito difícil para quem ainda se mantém. É uma atividade penosa, sofrida, sem férias, feriados ou finais de semana. Quem há dez anos tinha 45 anos e atuava no setor, na sua maioria mulheres, hoje se aposentou e não há estímulo para continuar”, detalha Marina, afirmando que os problemas vão bem mais além.

“Hoje é bem mais rentável para quem tem a partir de 30 hectares arrendar para a produção de soja, realidade que o cultivo crescente mostra, uma vez que em uma década a área plantada em Piratini saltou de 17 para 40 mil hectares”, revela.

Para ela, outro fator de desestímulo e de queda na produção foi a importação do leite em pasta do Uruguai em 2017, já que este tem um menor custo, o que levou a pecuária leiteira do estado a uma situação ainda pior, associando a isso os valores gastos com os insumos e que obrigatoriamente precisam ser investidos para a manutenção do rebanho, como milho, ração e a semente de azevém.

“Para se ter uma ideia, o valor pago ao produtor já foi de 0,56 centavos, mas o custo para o consumidor da embalagem do leite pasteurizado é de R$ 3”, disse a veterinária.

Por fim, as novas normativas do Ministério da Agricultura, que entre outros pontos obriga a todos os produtores a armazenar o leite em resfriadores a granel, que tem um valor considerado elevado para que produz pouco e tem ganhos inexpressivos, poderá ser fator determinante para prejudicar ainda mais o setor, o que se agrava quando se faz necessário manter a temperatura do leite exigida pela indústria.

“Com as dificuldades encontradas nas rotas que temos, tendo a zona rural algo em torno de 7 mil quilômetros de extensão, principalmente no verão, será impossível sair da propriedade com o leite a 4 graus e chegar no destino com no máximo 7 graus. Se no inverno já voltaram cargas inteiras, imagina o que vai acontecer cm a chegada do calor”, conclui.

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