São nos momentos considerados frágeis, de desamparo e tristeza, que a Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (AAPECAN) mostra que é possível, com a solidariedade, fornecer acalento, carinho, amor e tranquilidade aqueles que recebem o diagnóstico de câncer. Com abrangência em mais de 10 cidades no Rio Grande do Sul, a associação dá apoio e faz uma ponte aos tratamentos oncológicos.
O câncer provoca uma fragilidade social, econômica e emocional, não só para a pessoa diagnosticada, como na família como um todo. Para ser um amparo, a Aapecan oferece um acompanhamento com assistentes sociais e psicólogos e esses profissionais orientam e identificam as necessidades daqueles que entram em contato com uma das unidades.
Em Pelotas, está a segunda mais antiga e a primeira a contar com a Casa de Apoio, que atualmente tem capacidade para 22 pessoas com um acomanhante, sendo que mais de 4 mil já passaram pelo local. Antes da pandemia, eram realizadas atividades como rodas de conversas, oficinas, confraternizações, visitas domiciliares e passeios. No momento, a capacidade de recebimento de usuários foi reduzida e as atividades em grupo paralisadas. Mas isso não evitou que os encontros psicológicos continuassem sendo realizados, juntamente com os atendimentos individuais.
Como uma organização sem fins lucrativos, a Aapecan se sustenta com a ajuda da comunidade e campanhas de arrecadação de recursos. A assistência social, junto com a coordenação, analisa a necessidade do usuário e do seu núcleo familiar, o que pode resultar na criação de campanhas, normalmente feitas via telemarketing, nas quais, por meio de ligações, é buscado o apoio necessário para suprir as carências. Essas ações acontecem mensalmente, sendo voltadas a um beneficiário. Neste mês, a atenção se concentrou na arrecadação financeira pra um idoso que está com câncer no reto e precisa de cirurgia.
Fernanda Ayres é assistente social do polo de Pelotas e conta que a importância do trabalho da Aapecan vai além da questão financeira.
“O paciente quando chega aqui, ele chega numa situação de extrema vulnerabilidade, mais emocional do que financeira. Claro que o financeiro, com certeza, abala muito, mas o emocional também, porque quando o usuário recebe um diagnóstico de câncer, é um diagnóstico muito pesado ainda, e abala as estruturas da família”, salienta.
Conforme a assistente, o primeiro contato com a associação, em muitos casos, é feito através da indicação de médicos ou de pessoas que conhecem o trabalho. “[O paciente] é acolhido pelo serviço social e passa pelas documentações que a instituição exige. A partir dessa documentação é feito um cadastro. Depois é passado para a psicóloga, onde é feito um acolhimento. Então, a partir dali são acordados o que essa família, o que esse usuário está precisando no momento, seja uma dieta alimentar, seja um suplemento ou um atendimento com a psicóloga, no jurídico”, explica Fernanda.
Ana Peçanha é uma das atendidas na unidade de Pelotas, onde está há três semanas, e expõe a gratificação por ter sido acolhida. Ela conta que não conhecia o trabalho da associação, mas assim que saiu o seu diagnóstico, o médico responsável fez a indicação. “Eu tinha que fazer o tratamento das radioterapias e precisava de cirurgia. A Aapecan tem sido uma ponte para o tratamento”.
De Bagé, ela conta que o município não possui o seu tratamento, sendo necessária a transferência. Apesar de estar longe de casa, Ana conta que se sente muito acolhida, já que uma das principais atitudes da associação é poder transformar a Casa de Apoio em um lar.
A Aapecan Pelotas abrange a metade sul e municípios que não possuem alguns dos tratamentos necessários como São Lourenço do Sul, Turuçu, Arroio do Padre, Canguçu, Santana da Boa Vista, Morro Redondo, Capão do Leão, Piratini, Cerrito, Pedro Osório, Arroio Grande, Herval e Jaguarão.