Após sucesso em Porto Alegre, OSPA apresenta “Os Bacharéis” em Pelotas na sexta-feira (8)

Os ingressos já estão esgotados. (Foto: Leandro Rodrigues)

O público de Porto Alegre teve uma oportunidade única para prestigiar, no último sábado (2), a estreia da nova montagem de “Os Bacharéis”. A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), fundação vinculada à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac-RS), realizou a opereta 18 anos após a última encenação, em 2005, e 130 anos após a estreia da obra original, em 1894. A recepção do público na Casa da OSPA mostrou que o texto de João Simões Lopes Neto e José Gomes Mendes, com música de Manuel Acosta y Oliveira, continua atual e, aliado ao talento do elenco, emocionou e arrancou risadas da plateia. Nesta sexta-feira (8), Orquestra e elenco viajam a Pelotas para apresentar a segunda récita do espetáculo, no Auditório do Sicredi, em 8 de setembro, realizada em homenagem aos 150 anos da Associação Comercial de Pelotas. Os ingressos já estão esgotados.

Mais sobre o espetáculo

Conhecido por “Contos Gauchescos”, o grande escritor regionalista João Simões Lopes Neto é autor de uma obra que vai muito além. Parte desse catálogo menos conhecido engloba a sua produção teatral, focada em temas urbanos abordados de modo leve e com música original, cujo maior exemplo é a comédia-opereta “Os Bacharéis”. Usando o pseudônimo Serafim Bemol, o autor pelotense dividiu a autoria de “Os Bacharéis” com o conterrâneo José Gomes Mendes, que assinava como Mouta Rara. Além de ser cunhado de Simões Lopes, Mendes foi um importante parceiro artístico em diversas produções teatrais. Já a parte musical de “Os Bacharéis” coube a Manuel Acosta y Oliveira, um músico negro e estrangeiro (sua origem não é conhecida), que, a despeito do preconceito vigente no Brasil pós-abolição, teve prolífica e elogiada atuação como violoncelista, regente e compositor em todo o país.

O diretor artístico e maestro da OSPA, Evandro Matté, aponta que a montagem está inserida em um crescimento da produção operística tanto na programação da OSPA, como em todo o Rio Grande do Sul. Escrita por dois autores gaúchos, “Os Bacharéis” tem como diferencial suas raízes locais. “A obra de Simões reforça a presença da ópera brasileira na programação da OSPA e traz o desafio de resgatar esta comédia de costumes da sociedade”, salienta Matté, que assina a direção musical do espetáculo.

Após a estreia de sucesso, em 23 de junho de 1894, no Theatro Sete de Abril, em Pelotas, o espetáculo foi reencenado em algumas ocasiões, mas eventualmente caiu no esquecimento. Em 2005, um extenso trabalho de pesquisa possibilitou uma nova montagem. Cláudia Antunes pesquisou partituras e documentos originais, Márcio de Souza reconstituiu as partituras que tinham sido parcialmente perdidas, e a orquestração ficou a cargo de Rogério Constante. Élcio Rossini adaptou o texto e assinou a direção. As sessões, que ocorreram em Porto Alegre e Pelotas, causaram comoção. Naquela ocasião, Marcelo Ádams interpretou um dos protagonistas, Cincinatus. Agora, ele retorna como diretor cênico do projeto.

Ádams relembra a montagem de 2005: “Reencenar a peça é reapresentá-la ao público, que nos últimos 18 anos não teve acesso e agora novamente terá. Em 2005, foi diferente do que será agora, o elenco era composto de atores que cantavam, alguns dos maiores da época, como Margarida Peixoto, Julio Andrade, Sandra Dani. E agora será composto por grandes cantores líricos”, compara o diretor cênico. Em 2023, o elenco traz Flávio Leite, Sérgio Sisto, Henrique Cambraia, Felipe Bertol, Elisa Machado, Guilherme Roman, Roger Nunez, Cristine Guse, Carolina Braga, Ricardo Barpp, Oséas Duarte e Izabella Domingos.

“Os Bacharéis” é uma comédia-opereta, ou seja, uma forma de arte que conjuga o texto falado com o canto e deriva da ópera, que explora unicamente o canto. No Brasil, o gênero artístico estava muito em voga no final do século 19 e combinava ritmos brasileiros aos europeus. Nas operetas, o texto descontraído frequentemente recorre ao humor como ferramenta de crítica social. Em “Os Bacharéis”, o alvo dos autores foi a hipocrisia e os costumes conservadores da sociedade pelotense, ainda que o texto não esteja situado em um local ou um tempo específicos.

Embora o enredo seja construído a partir de uma clássica história de amor, com direito a vilão, os reais protagonistas são três irmãos, os bacharéis do título. Um deles, Cincinatus, impede o casamento entre os noivos Pombinho e Caricina alegando que os dois seriam parentes e, portanto, não poderiam se casar. Desolado, Pombinho deixa a cidade e só volta anos depois, com diploma de bacharel. O retorno abala os planos de Cincinatus, que tentava conquistar Caricina. Enquanto a plateia assiste às ações inescrupulosas dos personagens, a hipocrisia dos costumes conservadores é revelada, provocando efeitos cômicos.

Segundo Ádams, a obra revela uma faceta divertida de Simões Lopes Neto: “Sempre pensamos na importância do Simões em relação às obras mais rurais, mostrando o típico gaúcho e as lendas do interior, como a Salamanca do Jarau. Mas as comédias são peças urbanas, mostram a versatilidade do autor, a sua outra face.”

Orquestra Sinfônica de Porto Alegre 

“Os Bacharéis”

Quando: sexta-feira, 8 de setembro, às 20h30.

Onde: Auditório do Sicredi (Av. Dom Joaquim, 1087), em Pelotas.

Ingressos esgotados

Os Bacharéis

Apresentação: Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA)

Direção musical e regência: Evandro Matté

Direção cênica e concepção: Marcelo Ádams

Elenco:

Cincinatus: Flávio Leite (tenor)

Sizenando: Sérgio Sisto (barítono)

Beroaldo: Henrique Cambraia (barítono)

Pombinho: Felipe Bertol (tenor)

Caricina: Elisa Machado (soprano)

Thomaz Rapadura de Souza Racha: Guilherme Roman (baixo-barítono)

Gerôncio: Roger Nunez (barítono)

Jurity: Cristine Guse (mezzo-soprano)

Sensitiva: Carolina Braga (mezzo-soprano)

Macuco: Ricardo Barpp (baixo)

Convidado e Bilontra: Oséas Duarte (tenor)

Convidada e Bilontra: Izabella Domingos (soprano)

Ficha técnica:

Libreto: João Simões Lopes Neto e José Gomes Mendes

Música: Manuel Acosta y Olivera

Reconstituição musical: Márcio de Souza

Orquestração: Rogério Constante

Assistência de direção cênica: Margarida Peixoto

Cenografia: Yara Balboni

Iluminação: Maurício Moura

Figurino: Daniel Lion

Maquiagem: Gonzalo Lamego

Cabelo: Cassiano Pellenz

Pianista Correpetidor: Paulo Bergmann

Legendas: Marina Gimenez

Projeto Gráfico: Vitória Proença

Registro Audiovisual: Atmosfera Produtora

 

Enviar comentário

Envie um comentário!
Digite o seu nome