A exposição RUMO – Exposição Itinerante de Fotografia Analógica – que teve sua abertura na última sexta-feira (6), na sala Inah D’Avila Costa, na sede da Secretaria de Cultura (Secult), é um convite a enxergar a diversidade das vivências urbanas de Pelotas.
A primeira peculiaridade do conjunto de fotos é que foram todas feitas com câmera analógica, as clássicas máquinas de filme. Muitos amantes da fotografia não abrem mão desse método, pois a experiência de fotografar à moda antiga é insubstituível, além de proporcionar cores únicas para as fotos.
Gabriela Cunha, estudante de Artes Visuais, fotógrafa e uma das organizadoras do evento, explicou que no seu curso a prática da fotografia analógica é incentivada. “Temos, inclusive, estúdio para revelação dos filmes”, contou. Além de Gabriela, Camila Albrecht e Andressa Santos também assinam a autoria das fotos.
Inclusão
Chama a atenção de quem chega que, ao lado do livro de presenças da exposição, há uns dois ou três aparelhos de MP3, agora considerados itens “retrô”, pelo seu desuso após a popularização de players de música nos celulares. Mas a presença dos aparelhos não tem intenção meramente estética, mas principalmente de inclusão. Para deficientes visuais há a opção da audiodescrição de toda a exposição, gravada nos aparelhos MP3, garantindo a acessibilidade para todos nessa experiência sensorial.
Representatividade
Além das imagens de ruas e paisagens de bairros como Guabiroba, Cohab Tablada, Dunas e Colônia Z3, muitos personagens anônimos estão representados nos cliques da mostra fotográfica. Estes moradores, que aparecem como representantes de suas comunidades, foram convidados para o evento de abertura da exposição. Um deles, que marcou presença e roubou a cena naquela noite, foi Rodolfo Ramires, ou “Rodolfinho do Xavante”, 87 anos, morador do Simões Lopes.
Enquanto os presentes na sala conversavam, beliscavam um pãozinho torrado com patê de ervas, apreciavam as fotografias e desfrutavam do vernissage, Rodolfinho começou a cantar, de maneira totalmente espontânea, um samba de raiz. As atenções, então, se voltaram para ele, que inclusive reproduziu os sons dos instrumentos com a boca, entre um verso e outro, arrancando risos simpáticos da plateia que ali se formou. Parecia se tratar de uma intervenção combinada com a curadoria da exposição, mas, de acordo com a organização, foi iniciativa do próprio Ramires. “Ficamos tão surpresos quanto os outros”, explicou Gabriela.
Rodolfinho do Xavante, além de fanático pelo Brasil de Pelotas, também é cantor, instrumentista, ciclista e esposo da Iolanda. Na foto que compõe a exposição quem aparece é ela, ao lado do microfone e caixa de som de Rodolfinho, e de um gato preto, tudo em frente da residência do casal, no Simões. Iolanda não pôde comparecer ao evento por questões de saúde, mas seu marido tratou de bater uma foto, com seu celular, ao lado do quadro exposto em que ela é a personagem.
As visitações podem ser realizadas de segunda a sexta-feira, das 12h30 às 18h30, até o dia 9 de outubro de 2019. Mais informações: [email protected]