
Daniel Batista e Stéfane Costa
A valorização da literatura e a necessidade de estimular o contato das crianças com os livros deram o tom da abertura oficial da 49ª Feira do Livro de Pelotas, realizada nesta sexta-feira (27), na Tenda Cultural do evento, que ocorre na Praça Coronel Pedro Osório até o dia 15 de novembro.
Com a presença dos visitantes da Feira, a cerimônia incluiu falas de autoridades e representantes do evento, ato com o Maestro Guilhermo Santiago e o tradicional toque do sino pela extensão da Praça Coronel Pedro Osório realizado pela patrona desta edição, Cristina Maria Rosa.
Conforme a escritora, pedagoga e professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o convite foi recebido com muita felicidade, principalmente por conta do que lhe representa a literatura e o evento como um todo. “Muitas pessoas ainda não me conhecem, mas como eu já trabalho na Feira do Livro como professora, cultuadora do livro e da leitura há 30 anos para mim as alamedas da Praça Coronel Pedro Osório são uma das minhas casas em Pelotas”, diz.

Mas se engana quem imagina que ser patrona é apenas uma posição simbólica. A pedagoga detalha que sua participação na feira tem ligação direta com o público e o incentivo à leitura. “A rotina durante a Feira do Livro é conversar com as pessoas, conversar com os livreiros, ser atenciosa com as pessoas que estão pela primeira vez vindo aqui”, conta. E o trabalho realizado por ela não cativa apenas crianças. “Qualquer pessoa que nunca se defrontou com um livro literário pode ser um nascido na literatura quando a ele é apresentado um livro. Então este é o trabalho que o contato com o público cobra de mim. A patronesse da Feira do Livro é responsável por mostrar a todas as pessoas, de qualquer idade, como é que se forma um leitor”, reforça.
Na quinta (26), Cristina esteve com sua personagem, uma bruxa que foi ao evento fazer a abertura oficial do espaço dedicado aos pequenos na Alameda das Crianças.
O orador é escritor, artista visual, roteirista e diretor de cinema Manoel Soares Magalhães que lembra a alegria com que recebeu o convite, principalmente pela proposta da edição. “Eu acho um momento muito importante que nós estamos vivendo, onde a meta proposta pelos organizadores desta feira em atingir o público infantojuvenil e juvenil dedicando a feira às crianças”, pontua.

Assim como Cristina, que reedita uma de suas obras mais famosas para o evento, Magalhães também fará o relançamento de duas obras suas na terça-feira (31). Com apoio do Sesc, a feira traz neste ano diversos autores, muitos nacionalmente conhecidos.
As sessões de autógrafo da programação iniciam neste sábado (18), a partir das 18h.
No discurso de abertura a presidente da Câmara Pelotense do livro, Elisabete Lovatel, destacou que a edição deste ano tem como foco despertar nas crianças o gosto pela literatura e elencou uma série de atividades que serão realizadas até o próximo dia 15. Além disso citou as ações que serão realizadas junto à apoiadores ao longo dos próximos dias.
Na sequência, houve uma oficina com o artista hervalense Guilhermo Santiago. Ele, que que toca 117 instrumento, apresentou o projeto A arte do in-possivel, realizado em comunidades no Rio de Janeiro, São Paulo, Bogotá e Buenos Aires. Nos locais, ensina a fabricar instrumentos e a tocá-los, como uma flauta a partir de um cano de PVC.

O começo na música foi ainda criança, despertado a partir do som de uma flauta em um comercial de televisão. A trajetória não foi fácil. Ele contou que foi morador de rua em Pelotas, após chegar em 1981, e chegou a dormir na Praça Coronel Pedro Osório. “Pelotas me deu essa oportunidade de amadurecer mais rápido”. Em seguida saiu por cidades da América do Sul, conhecendo as comunidades, até se encontrar na música.
Hoje é também um pesquisador sonoro. O trabalho se estende também para a área da saúde, com recém-nascidos. Ele capta a frequência cardíaca dos batimentos da mãe e coloca em execução na incubadora.
Ao final da apresentação, Santiago voltou a surpreender ao fazer quem acompanhava a abertura tocar a 9ª Sinfonia de Beethoven utilizando garrafas pet e madeira.
Na sequência outras autoridades também destacaram a importância da feira para o município e a região. A noite foi encerrada com o tradicional toque do sino pela feira pela patrona.