Apesar da seca, milho é celebrado com abertura da colheita em Jaguarão

Produtor afirma que deve colher tudo o que plantou, com uma produção estimada em 160 sacas por hectare, dez mil quilos no total. (Foto: Valdomiro Haas)

Com perdas estimadas em 30% na área plantada na Zona Sul, ainda assim o milho mostra relevância no cenário do agronegócio regional. Está marcada para 10 de fevereiro a abertura da colheita do milho na fazenda São Francisco (Grupo Quero-Quero), no 2º subdistrito de Jaguarão, do produtor Ricardo Teixeira Gomes da Silva.

A realização é do governo do Estado, via Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Associação dos Produtores de Milho (Apromilho/RS) e Prefeitura de Jaguarão.

Silva não esconde o orgulho de sediar o evento, para o qual são esperadas mais de mil pessoas, entre produtores, técnicos, expositores e autoridades do agronegócio. Conforme ele, é a primeira vez que uma propriedade da Metade Sul do estado é escolhida para sediar a solenidade oficial de abertura da colheita do grão. Há uma razão para isso: segundo o produtor, “são pouquíssimas” as propriedades rurais que trabalham com milho irrigado na região.

A fazenda São Francisco, não por acaso está entre elas. Para esta safra, o produtor investiu 325 hectares na produção do milho – irrigado por sulco camalhão, técnica que importou dos Estados Unidos. “Se não irrigar, esquece, diferentemente da soja, milho não se defende [da estiagem]”, destaca. A propriedade de nove mil hectares onde será realizado o evento também conta com lavouras de soja (em 5,1 mil hectares) e de arroz (em 3,6 mil).

Diferentemente das áreas de sequeiro, onde se concentra a quebra da produção, a área plantada na fazenda São Francisco arranca elogios do produtor: “Está uma beleza, muito bonita”.

De acordo com ele, devido à irrigação, não vai amargar quebra na safra. Deve colher tudo o que plantou – uma produção estimada em 160 sacas por hectare, dez mil quilos no total. A produtividade é tanta que para 2024, Silva já decidiu pela ampliação da área plantada – o que vem ocorrendo desde 2021, quando cultivou milho irrigado em 20 hectares; no ano seguinte quadruplicou a área, para 80 hectares. O resultado obtido fez saltar para os 325 hectares da safra 2023.

“Milho irrigado é bom negócio, ano que vem vou aumentar a produção e diminuir a área plantada de arroz”, adianta. A satisfação com a cultura não é apenas em relação à produtividade. Segundo o produtor, a raiz profunda melhora a estrutura útil do solo, além de refletir positivamente no desempenho da soja nas áreas utilizadas anteriormente no plantio de milho – outra aposta de Silva para a safra 2024.

Segundo ele, hoje o Rio Grande do Sul apresenta um déficit de dois milhões de toneladas do grão. Para fazer frente à demanda, precisa comprar parte da produção do Mato Grosso, o que encarece o produto devido aos altos custos do frete.

A saída, para ele, seria fomentar políticas em direção à autossuficiência, beneficiando diretamente a indústria de aves, suínos e de laticínios. “Para isso é fundamental criar condições para facilitar a armazenagem de água, sem água não tem produtividade.”

Em área de sequeiro quebra chega a 30%
Até o dia 19 de janeiro o Escritório Regional da Emater contabilizava perdas de até 30% na safra do milho nos 22 municípios que compõem o Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) Sul. A quebra provocada pela estiagem tem lugar: são as áreas de sequeiro, onde as lavouras não contam com irrigação – diferentemente da lavoura localizada na Fazenda São Francisco.

Ao todo, a área plantada na região soma 51.532 hectares. A média inicial de produtividade por hectares tinha projeção de 67,9 sacos por hectare – 4.077 quilos. No entanto, com a estiagem, na metade de janeiro a produção média já havia despencado para 47 sacos. Segundo fontes da Emater, a permanecer o quadro de falta de chuvas, não está descartada uma queda ainda maior na produtividade por hectare.

Programação da 10ª Abertura da Colheita do Milho)

7h – Recepção
8h – Início dos roteiros técnicos com estações demonstrativas sobre o cultivo do milho em Terras Baixas: projeto Sulco, Secagem e Armazenagem do Milho
11h30 – Ato solene de abertura da colheita do milho
12h30 – Almoço na fazenda São Francisco

Durante toda a manhã haverá visitação aos estandes de apoiadores e patrocinadores.
Inscrições: https://www.jaguarao.rs.gov.br/abertura-da-colheita-do-milho-2023/

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