Bibliotheca Rio-Grandense recebe exposições dedicadas à memória durante a Noite do Centro Histórico

Durante a Noite do Centro Histórico a Bibliotheca Rio-Grandense oferece a oportunidade de uma visita guiada a seu acervo que conta com mais de 450 mil volumes. (Foto: Divulgação/Prefeitura Municipal do Rio Grande)

As muitas atrações do evento Noite do Centro Histórico, realizados na quinta-feira (18) e sexta-feira (19), buscaram valorizar a história da cidade do Rio Grande, de seus prédios históricos e de suas personalidades. A Bibliotheca Rio-Grandense recebe em seu espaço duas exposições que valorizam a memória: a de um importante empreendimento industrial que marcou época na cidade do Rio Grande; a outra, de uma rio-grandina pioneira na luta pelos direitos das mulheres.

A rio-grandina Carmen da Silva, psicanalista, jornalista e escritora reconhecida como uma das precursoras das lutas feministas no Brasil, recebeu uma exposição especial montada exclusivamente para a Noite do Centro Histórico. Baseada em suas memórias a exposição ocupa o Salão Nobre da instituição, e tem nela fotografias, livros e a reprodução de espaços que íntimos que eram ocupados por Carmen. Para a atriz Solange Porto, que interpretará Carmen da Silva durante as duas noites do evento, a jornalista buscava romper com as lógicas sociais naquilo que detinham a mulher a determinados comportamentos e espaços.

Segundo Luciana Coutinho Gepiak, uma das curadoras da exposição, “tentamos trazer com essa exposição um pouquinho do que esta mulher foi e aquilo que ela representa para este universo feminista e para as mulheres”. Luciana afirma que Carmen é muito reconhecida dentro do meio acadêmico, sendo objeto de diversos estudos, porém há pouco reconhecimento desta importante personalidade pela população em geral e a exposição tem o intuito de valorizá-la e torná-la reconhecida, especialmente entre seus conterrâneos rio-grandinos.

Já a exposição que trabalha as memórias do patrimônio fabril da cidade do Rio Grande apresentando objetos utilizados ou produzidos pela extinta Fábrica Rheingantz, fichas de registro de funcionários e fotografias antigas, ocupa outro espaço exclusivo dentro da Bibliotheca Rio-Grandense. O acervo presente nesta exposição pertence ao Projeto Memórias da Rheingantz, que realiza visitas e entrevistas com pessoas que trabalharam na fábrica buscando a preservação da memória do patrimônio industrial da cidade do Rio Grande, que já foi conhecida como “Cidade das Chaminés”.

Dentre as visitantes do primeiro dia da exposição esteve uma ex-operária da Fábrica Rheingantz, empregada do setor de fio penteado. A senhora Estela Andrade Correia, hoje com 93 anos de idade, pela primeira vez teve contato com este acervo que também conta parte de sua história de vida. Outros ex-funcionários da fábrica também estiveram visitando a exposição, sempre rememorando suas trajetórias enquanto observam os objetos expostos.

A arqueóloga e Educadora Patrimonial na Nova Rheingantz, Vanessa Costa, afirma que este projeto e a exposição que está sendo realizada durante a Noite do Centro histórico “buscam valorizar as memórias das pessoas que trabalharam na Fábrica Rheingantz a partir dos objetos expostos”. Para Vanessa, o patrimônio industrial da cidade do Rio Grande é pouco discutido e todas as ações que o projeto realiza busca a valorizá-lo através da preservação de suas memórias.

A arqueóloga salientou a positiva presença de crianças no evento e apontou que a presença delas é fundamental para a preservação da memória. A exposição sobre as memórias da Rheingantz tem um espaço destinado a interação com o público onde aqueles que a visitarem poderão deixar mensagens escritas sobre suas memórias da fábrica.

Durante a Noite do Centro Histórico a Bibliotheca Rio-Grandense oferece a oportunidade de uma visita guiada a seu acervo que conta com mais de 450 mil volumes. Na visitação guiada é possível ter contato com exemplares históricos de jornais que contam muito sobre a cidade do Rio Grande, como exemplares do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro datados da primeira metade do séc. XIX.

Cerca de 300 visitantes realizaram a visitação guiada na primeira noite do evento, estimou Ronaldo Gerundo, diretor da Bibliotheca Rio-Grandense. Porém, o número de pessoas que circularam pelo prédio histórico visitando suas demais atrações é bem superior, salientou o diretor.

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