Cuidados devem ser redobrados para garantir o bem-estar dos pets na estação

Maurício Bilhalva é formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) desde 2022, com especialização em Atendimento Domiciliar e Prevenção, promovendo praticidade aos tutores e vida longa aos pets por meio dos cuidados preventivos. (Foto: arquivo pessoal)

Assim como os seres humanos, o verão é uma estação que necessita de ações específicas também para os pets, como hidratação correta e banhos refrescantes. Por isso, é importante saber como cuidar dos animais de estimação no calor para protegê-los de desconfortos e possíveis estresses.

Separamos algumas dicas práticas elaboradas com a ajuda do médico veterinário preventivo Maurício Bilhalva para garantir o bem-estar, principalmente dos bichinhos de quatro patas para que possam se divertir tranquilamente nesta fase do ano.

Hipertermia em animais
Quando o ser humano é exposto ao calor, as células sudoríparas, especializadas em expulsar água e vapor, entram em ação imediatamente. No entanto, os corpos de cães e gatos são diferentes e eles não conseguem realizar este processo de forma eficaz. Por isso, é importante que o pet tenha à disposição água, sombra e superfícies frias para se refrescar.

Os animais que não conseguem encontrar uma forma de resfriar o corpo nas altas temperaturas acabam aumentando a ventilação pulmonar (ficam ofegantes). Em certa medida, este processo de troca de calor é normal e funciona. Mas devemos lembrar que esse tipo de respiração é menos eficiente do que a transpiração. Caso o animal continue exposto ao calor excessivo, ele poderá ficar demasiadamente ofegante, entrar em “agonia respiratória” e sofrer uma hipertermia. Durante o processo, a temperatura do animal pode chegar a 42ºC. Isto pode provocar vômito, coagulação intravascular disseminada, edema pulmonar, parada cardíaca e, até mesmo, coma e/ou morte.

Para saber se o animal está com insolação, observe se ele está com a respiração ofegante ou superficial, bem como pulso e batimentos cardíacos acelerados. Caso note esses sinais, leve-o imediatamente ao veterinário. Além disso, outros sintomas como língua arroxeada, desorientação, tremores, desmaio e vômitos podem indicar um quadro ainda mais grave, que exige cuidado médico emergencial.

Hidratação e alimentação
Os animais, assim como os humanos, correm o risco de desidratar no verão, e é mais provável que isso aconteça. “Você pode fornecer água em abundância, em vários recipientes, água fresca, podendo adicionar gelos na água, o que é bastante útil para manter ela mais fresca por mais tempo, fazer os picolézinhos de sachês de cães e gatos, isso é bem interessante para eles lamberem e se hidratarem. Também pode fornecer água de coco fresca e geladinha, desde que seja natural. Já os gatinhos, às vezes, são um pouco mais exigentes para beber água.

Então, uma possibilidade é utilizar fontes bebedouros para sempre ter uma água corrente”, pontuou Bilhalva.Quanto à alimentação, estão liberados os sachês, mas o médico veterinário afirma que o carro-chefe é a ração seca de alta qualidade, recomendando a classificada como super premium para mantê-los bem nutridos nessa época. Bilhalva lembra de evitar servir restos de comida ou comida natural sem orientação de um médico veterinário nutrólogo. Nunca deixar também a ração exposta ao sol, porque pode estragar ou alterar o alimento.

Passeios e viagens
Há outros cuidados muito importantes também no verão, como por exemplo os passeios. O médico veterinário diz que o apropriado é passear com os cães antes das 10h ou depois das 18h, uma vez que as temperaturas já estão um pouco mais baixas nesses horários. O profissional também recomenda passeios em locais com sombras ou grama para não queimar as patinhas, evitando o asfalto em concreto por conta do alto índice de absorção de calor. Se possível, carregar uma garrafa para hidratar o cachorro ou gato. Além disso, essa água servirá para borrifar no seu dorso e nas patinhas, principalmente ao notar que ele está ficando muito ofegante.

“Os cuidados sanitários são extremamente importantes e muito negligenciado por muitos tutores, às vezes por falta de conhecimento. As vacinas precisam estar em dia, no mínimo a vacina polivalente, que protege contra as doenças graves de cada espécie e, também, a vacina contra o vírus da raiva. No mínimo essas duas e o controle de parasitas, pulgas, carrapatos, vermes, é muito mais frequente a ocorrência deles nessa época que a gente tem temperaturas mais elevadas”, comentou o médico veterinário. “É importante lembrar que isso é uma questão de saúde pública, porque doenças infecciosas parasitárias podem passar pra gente (humanos/tutores), chamamos isso de zoonoses, doenças que podem ser transmitidas dos animais para os humanos”, completou.

Verão é o período das viagens e os pets não ficam de fora. Além dos cuidados sanitários em dia, no Brasil é obrigatório que os animais estejam com a vacina contra a raiva em dia para viajar, por envolver a saúde humana. Em muitas situações, também é necessário ter o atestado sanitário do veterinário, comprovando que o animal de estimação está bem de saúde.

Outro ponto destacado pelo médico veterinário é programar a alimentação dos bichinhos, além de levar a caixinha de transporte apropriada, utilizar cinto de segurança no carro para os animais que não vão na caixinha. É necessário também carregar os remédios dos animais que necessitam tomar medicamentos de forma crônica ou por alguma eventual questão de saúde e, principalmente, certifique-se que está indo para um local em que os animais são bem-vindos.

Se o animalzinho for ficar em casa, é possível deixá-los em um hotel pet ou contratar um pet sitter, conhecido como babá de pet para trocar comida, brincar e levá-los para passear. É indicado ir alguém todos os dias e nunca os deixar sozinhos em casa por muito tempo.

Tosa e banho 
A tosa e banho podem ser aliados em várias situações, como por exemplo no verão, ao tosar a região da barriga, pode aumentar a superfície de contato com o chão frio, auxiliando na perda de calor. Todavia, há alguns pontos negativos em relação a isso, como tosar demais um cão e aumentar a exposição solar e ter uma maior chance de queimaduras solares. “A tosa varia muito de acordo com o tipo de pelagem, com a raça… Então, é sempre importante consultar o veterinário para saber qual seria a melhor tosa de forma personalizada para aquele cão, para a gente evitar que aconteça algum acidente em decorrência do excesso de tosa no verão”, explicou Bilhalva.

Quanto aos banhos, a frequência varia de acordo com a raça e a pelagem dos cães. De maneira geral, um banho por semana é o suficiente. Já os gatos, o ideal é mantê-los bem escovados diariamente e domiciliados em um local fresco e protegido.

Um fato bastante discutido nessa época são os animais presos em correntes. Bilhalva salienta que o ideal é nunca os deixar nessas condições, pois é uma questão de saúde, bem-estar e segurança. Por isso, é fundamental que toda pessoa que tem um cão possua espaço suficiente para deixa-lo solto de forma segura e se precisar deixar o animal preso de forma pontual, é necessário se certificar que tenha sombra durante todo tempo que ele estará preso, além de água fresca.

Protetor solar
A proteção solar é um fator importante, principalmente para animais de pele clara. Alguns cães e gatos têm focinho, orelha e barriga rosada e tendem a precisar de proteção solar quando ficam muito tempo expostos ao sol, bem como possuem maiores chances de desenvolver câncer de pele e/ou de sofrer queimadura solar. Já existem opções no mercado de protetores solar veterinário ou é possível encomendar em farmácias de manipulação veterinária.

Dia a no verão 

É importante saber como cuidar dos animais de estimação no calor para protegê-los de desconfortos e possíveis estresses. (Foto: Freepik)

Um ponto muito importante são os pets que normalmente ficam dentro de casa ou apartamento aguardando seu tutor. Bilhalva orienta que o local precisa ficar bem ventilado, uma vez que deixar todo o imóvel fechado em um dia com altas temperaturas pode causar algo grave dependendo da predisposição de cada animal. Muitos cães passeiam de carro e os tutores, às vezes, os deixam aguardando para fazer compras. No entanto, os animais não devem ficar sozinhos dentro do automóvel no verão nem para tarefas rápidas, ressaltou o médico veterinário. A temperatura dentro de um carro pode subir muito e depressa, o que é extremamente perigoso e fatal para os animais.

Grupos de risco
Os cães e gatos idosos, obesos, que têm doença crônica, como problemas no coração ou na pele, fazem parte do grupo de risco nessa época. Por exemplo, animais que têm focinho curto, como o cão Boxer ou o gato Persa, têm maior chance de ter complicações durante altas temperaturas. Por isso, é importante que, principalmente esses animais mais especiais, necessitem de contato próximo com o médico veterinário de confiança para programar os cuidados necessários de forma personalizada durante o verão.

“Todas essas dicas são muito importantes, mas é sempre bom enfatizar que nada substitui os cuidados personalizados para cada animalzinho feito pelo médico veterinário porque os animais variam muito. Então, a demanda dos cuidados durante o verão vai variar, às vezes, de acordo com cada raça de cão, por exemplo. Mas de maneira geral, esses cuidados são bastante importantes e essenciais”, concluiu Bilhalva.

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