
A Assembleia Legislativa e o governo do Estado estão em tratativas para adesão do Rio Grande do Sul a um programa a exemplo do Jovem Aprendiz, do governo Federal, que oferece a jovens de 14 a 24 anos oportunidades de aprendizagem profissional e de entrada para o mercado formal de trabalho. A iniciativa foi anunciada na manhã de segunda-feira (20) pelo presidente do Parlamento gaúcho, deputado Gabriel Souza (MDB), durante a divulgação dos resultados da pesquisa sobre o futuro do trabalho, realizada em parceria com o Instituto Pesquisas de Opinião (IPO).
O parlamentar explicou que tem se reunido com o Executivo para alinhar a proposta. “A ideia é formular uma política pública para que o Estado possa contratar jovens aprendizes. Ou seja, um grande programa de qualificação profissional da juventude, que deverá colaborar também no combate à evasão escolar”, adiantou o parlamentar. O estudo revelou a urgência dos gaúchos para a qualificação profissional, corroborando com a medida. Jovens prestes a ingressar no mercado de trabalho e adultos acima de 50 anos aparecem entre as faixas etárias com maior expectativa por políticas públicas neste sentido. Os apontamentos foram detalhados pela cientista social e política, diretora do IPO, Elis Radmann, responsável pelo levantamento que ouviu 1.500 pessoas em oito regiões do RS.
Já os desafios para os trabalhadores com cerca de 30 anos de atuação foram acelerados pela pandemia, o uso de tecnologia e ferramentas digitais. Para este grupo, o parlamentar aposta no aperfeiçoamento das suas habilidades ou até mesmo no aprendizado de novas, incluindo o entrosamento com o ambiente digital e cursos de idioma. “É preciso um programa específico de requalificação, atualização, ou até mesmo de transição de carreira”, indica. Para ambas as faixas etárias, a Assembleia aprovou recentemente leis que incentivam o empreendedorismo, a desburocratização e a cidadania digital. Em novembro do ano passado foi sancionada a lei que institui a Política de Educação Digital, que prevê a criação de um ambiente virtual saudável, bem como a promoção de ações de alfabetização digital que incentivem o uso consciente da internet e das redes sociais.
A cientista social e política Elis Radmann alertou ainda para a preocupação da sociedade gaúcha com a situação da economia brasileira, em especial com a inflação e o desemprego que se estabeleceram no pós-pandemia. “A percepção de 78,9% dos entrevistados é de que a inflação vai aumentar, considerando o que a pessoa ouve falar. Em relação ao desemprego, 50,8% acham que vai aumentar e 64,6% dizem que isto deve ocorrer devido ao contexto do país”, explicou.
Principais aprendizados do estudo:
OS IMPACTOS DA PANDEMIA NO TRABALHO
– Segundo 50,1% das pessoas ouvidas, a pandemia teve impacto no seu trabalho e para 32,3% não afetou. O 17,6% restantes não trabalham. Os danos são econômico/financeiro (61,1%), perda do emprego (24,9%), mudanças na rotina (10,6%), danos na saúde (1,6%) e outros (1%).
– Ainda sobre impactos, 58,2% disseram que suas atividades não poderiam ser feitas de casa e apenas 20,7% têm trabalhos compatíveis com home office – ou seja menos de ¼ dos gaúchos. Destacam-se os professores e trabalhadores mais jovens. O estudo mostra ainda que quanto maior a escolaridade e renda familiar maior é a compatibilidade do trabalho home office.
– Esta modalidade é aprovada por 70,2% pela praticidade, deslocamento, mais tempo com a família, organização e produtividade. Entretanto, 61,5% acham que trabalhar em casa acaba misturando vida pessoal e emprego.
– Perguntados sobre a exigência de vacinação por parte das empresas, 82,9% responderam que concordam. É maior a concordância dentre os que possuem ensino fundamental e renda familiar de um a dois salários mínimos. Na região de Pelotas o índice chegou a 90,1% e em Santa Maria 88,3%.
– O levantamento também traçou o perfil do trabalhador gaúcho. Em média, iniciaram suas atividades profissionais com 15 anos. No restante do país, a média é de 14 anos.
A PERCEPÇÃO SOBRE A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Entre os entrevistados, 75,6% disseram que não realizaram nenhum curso durante a pandemia e 54,7% pensaram na possibilidade de fazer. Sobre as mudanças nas ocupações (tecnologia e transformação digital), 76,3% acreditam que isso já está ocorrendo nas suas cidades. E 48,5% dizem que existem cursos públicos nas suas regiões. Aliás, 95,7% acham que os governos deveriam investir em qualificação profissional da população.
A atual legislação trabalhista protege o trabalhador? 35,8% em parte| 29,7% não protege | 31,5% Sim, protege.
A PERCEPÇÃO SOBRE O FUTURO DO TRABALHO
Quem está no mercado de trabalho está sendo preparado para o futuro – 39,9% não | 29,6% em parte | 27,5% está sendo preparado
Você está se preparando – 52,3% não | 35,1% sim
E as novas gerações – 42,3% sim | 28,8% não | 27,2% em parte
RELAÇÃO DO GAÚCHO COM O EMPREENDEDORISMO
Entre os entrevistados, 52,2% nunca teve experiência com o empreendedorismo/atividade autônoma, enquanto 24,3% já teve e 23,5% têm atualmente. A avaliação da experiência é de 76,2% positiva. Para 41,1% dos gaúchos seria um “sonho” ter seu próprio negócio.
Em relação à opinião sobre a ALRS criar de leis e regras para o mercado de trabalho, 77,1% responderam “sim”.
Sobre o estudo
O levantamento é o quarto promovido pelo Parlamento gaúcho junto aos gaúchos este ano e integra a programação do projeto “O RS PÓS-PANDEMIA”. Realizado em novembro, o debate realizado pela Assembleia reuniu especialistas, que abordaram como a transformação digital e a pandemia impactaram o rumo das profissões. O ciclo de seminários já promoveu também discussões sobre economia, educação, saúde e desigualdade social.
• Clique aqui e confira o estudo na íntegra.
• Assista a divulgação dos resultados no YouTube.