O prefeito de São Borja, Eduardo Bonotto, foi empossado na quinta-feira (8) como presidente da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs). Recebendo o cargo do ex-prefeito de Taquari, Maneco Hassen, Bonotto irá comandar a entidade durante a gestão 2021/2022, iniciando o rodízio entre as legendas da última eleição, acordo firmado entre os partidos com mais prefeitos eleitos no estado.
Para atender os protocolos sanitários, o evento foi realizado de forma híbrida, no Hotel Plaza São Rafael. A solenidade contou com a presença de presidentes das Associações de Municípios do RS, das diretorias atual e eleita, de autoridades e representantes de entidades e órgãos estaduais e federais, além de familiares.
Em seu primeiro discurso já empossado, Eduardo Bonotto destacou a importância de assumir a Famurs, sendo seu maior compromisso na vida pública e política, tendo em vista que a entidade realiza um extraordinário trabalho e é uma ferramenta que leva a bandeira do municipalismo aos mais diversos setores da sociedade.
Bonotto agradeceu o apoio familiar, partidário, da equipe da prefeitura e também da população são-borjense, que acredita em seu trabalho e o reelegeu com uma das maiores eleições da história municipal. “Do mesmo modo, estendo este agradecimento aos prefeitos e prefeitas que acreditaram na nossa capacidade de colaborar com o nobre trabalho que estaremos iniciando. Trabalho este que transcende barreiras político-partidárias e ideológicas, pois como sempre falei em São Borja, após assumir a prefeitura, sempre fui e sou o prefeito de todos os são-borjenses, e aqui não sendo diferente, o presidente de todos os prefeitos e prefeitas indistintamente com foco no trabalho e nos resultados”, destacou.
O novo presidente destacou que nos dias atuais as responsabilidades são redobradas, os desafios são imensos e que a sociedade precisa de um norte firme e concreto. Ele afirmou que a pandemia tem mostrado as inúmeras dificuldades enfrentadas e que o momento exige protagonismo, trabalho com resultados mas não somente de uma instituição, de uma entidade, de um ente público ou de um poder constituído, mas de todos nós como sociedade. “Estaremos aqui nos colocando à disposição nas primeiras fileiras para construirmos uma sociedade melhor para todos, de forma positiva, colaborativa, construtiva e contributiva. Afinal, ninguém faz nada sozinho”, declarou. Em seu discurso, Bonotto afirmou que é momento de buscarmos equilíbrio, colocando a saúde pública em primeiro lugar, mas sem deixar de dar atenção para temas como economia e educação. Ele declarou que seu trabalho à frente da Famurs será marcado pela união e respeito na defesa do municipalismo, no bom debate e na busca de soluções para a sociedade, além do diálogo para ampliar o encaminhamento positivo das demandas, tanto com a sociedade quanto com todos os poderes. “Esperem de nós um trabalho sério com respeito e responsabilidade”, afirmou.
Bonotto ainda manifestou que sua gestão estará à frente das pautas importantes que atingem diretamente os municípios e automaticamente os cidadãos. Ele enfatizou que quer tornar a Escola Famurs a mais importante ferramenta de apoio, qualificação e capacitação das gestões municipais.
Outra ação será a criação de câmaras temáticas – com temas sobre saúde, pandemia, turismo, cidades de fronteira, finanças, retomada da economia, pequenos municípios – para discutir e buscar promover o desenvolvimento econômico e social das regiões e municípios gaúchos, através de um plano de desenvolvimento regional setorizado. A gestão também visa trabalhar pautas como as reformas tributária e administrativa; o novo pacto federativo; o debate das privatizações; e a geração de emprego e renda.
Finalizando seu discurso, Bonotto agradeceu o presidente Maneco Hassen e sua equipe pela gestão em um ano atípico de grandes desafios. Afirmou que, junto com a nova diretoria, será “um soldado do municipalismo para deixar um legado positivo para os municípios e para o nosso Estado. Estamos aqui para olhar para frente, darmos as mãos, construir caminhos em um mesmo sentido e não derrubar pontes. E assim construiremos ao longo de nossa gestão uma Famurs fechada com o municipalismo e de portas abertas para a sociedade”, declarou.
Negociação com a Famurs
O governador Eduardo Leite anunciou durante a solenidade um possível pagamento do passivo da saúde aos municípios, hoje atualizado em R$ 430 milhões. Segundo Leite, o governo está avaliando o quadro fiscal do estado, que está melhorando, a possibilidade do pagamento em dinheiro. “Sequer foi empenhado em outros governos. São dívidas de 2014 até 2018. O nosso governo não deixa criar novos passivos, não tem nada que não esteja sendo empenhado e pago aos municípios da nossa competência e do nosso exercício, e ainda vamos buscar liquidar e limpar esse passivo, deixar a saúde em dia com os nossos municípios”, declarou.
Leite afirmou que, somados aos R$ 804 milhões da dívida do ICMS da CEEE, serão cerca de R$ 1,3 bi em receitas que não estavam previstas no orçamento dos municípios, além dos investimentos que o governo estadual fará em infraestrutura nos municípios, como estradas, pavimentação urbana e rural, na segurança pública, na atenção básica em saúde e em hospitais regionais.
O governador Eduardo Leite também declarou que o diálogo foi a marca do governo e que houve sempre a busca para superar as divergências, lembrando da relação com os municípios e das inúmeras reuniões que trataram sobre a pandemia, a crise econômica e sanitária e a construção de soluções convergentes entre Estado e municípios. “Continuem conosco, ajudando neste clima de diálogo e de bom entendimento, que eu tenho certeza que poderemos avançar ainda mais e entregar resultado para todos”, finalizou.
Despedida Maneco Hassen
Em seu último discurso como presidente da Famurs, Maneco Hassen iniciou lembrando e agradecendo pelo incentivo do ex-prefeito de Quaraí, Mário Raul, e do ex-prefeito de Capão do Leão, Mauro Nolasco, para representar o PT à frente da Famurs. Maneco estendeu os agradecimentos à equipe política e técnica que o acompanhou na presidência da entidade e aos presidentes das Associações Regionais na construção de decisões e caminhos que a entidade deveria seguir, principalmente no auge da pandemia enfrentado em 2020.
Maneco também agradeceu o ex-presidente Dudu Freire, que colaborou com o trabalho da atual gestão; em nome do secretário Agostinho Meirelles, agradeceu todos os secretários estaduais pela parceria muito importante no período. Também agradeceu ao Tribunal de Contas e Ministério Público; aos presidentes da Assembleia Legislativa, deputados Ernani Polo e Gabriel Souza; aos presidentes da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Glademir Aroldi e Paulo Ziulkoski; e ao governador Eduardo Leite, pela parceria, diálogo e divergências importantes para avançar no debate de pautas importantes para o municipalismo gaúcho.
Maneco frisou ser um dos períodos mais difíceis já enfrentado, sendo necessário se reinventar em plena pandemia, em um ano de eleições municipais e de troca de gestores. “Mesmo assim, com muito diálogo e responsabilidade, o saldo é extremamente positivo e a nossa entidade se tornou ainda mais reconhecida e participou, de maneira muito efetiva, de todos os temas que surgiram na pauta durante este ano”, destacou.
“Se eu tive o desafio de liderar a entidade durante a pandemia, o prefeito Bonotto tem um desafio talvez maior: liderar a entidade na saída desta pandemia. Graças a Deus ela está chegando ao fim, a vacinação avançando, mesmo com todos os percalços, mas que agora, logo em seguida, sairemos dessa. O desafio é enorme, mas o prefeito Bonotto, pelo que notei, já está empolgado, preparado e cheio de vontade de liderar os nossos 497 municípios neste um ano que vem pela frente”, explanou.
Maneco salientou que a próxima gestão encontrará a Famurs tal como foi deixada pela gestão do presidente Dudu Freire: com dinheiro em caixa, organizada e avançando nos seus processos internos para qualificar a gestão.
Passando o comando da entidade, Maneco declarou que aprendeu muito, amadureceu e teve uma parceria com os vice-presidentes capaz de fazer a Famurs crescer e se tornar mais forte. Desejou sorte e sabedoria ao presidente Bonotto e se colocou como parceiro das causas municipalistas.
Manifestações
Durante a solenidade, manifestaram boas-vindas ao presidente Eduardo Bonotto em suas explanações o prefeito de Porto Alegre e presidente da Associação de Municípios da Grande Porto Alegre (Granpal), Sebastião Melo; o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gabriel Souza; o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski; o corregedor-geral do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS), conselheiro Marco Peixoto; e o procurador-geral de Justiça do RS, Marcelo Dorneles.
Nova presidência
Vindo da iniciativa privada, Eduardo Bonotto, 40 anos, foi eleito em 2016 como prefeito pela primeira vez e reeleito, em 2020, conquistando a marca histórica do município como prefeito mais votado em uma eleição de três chapas, com 67% dos votos. Em sua trajetória política, já foi presidente da Associação dos Municípios da Fronteira Oeste (Amfro). Natural de São Borja, Bonotto é casado com Fernanda Bonotto e tem duas filhas, Maria Eduarda e Vitória.
Entre as bandeiras da gestão, Bonotto quer construir um plano de desenvolvimento para diferentes regiões do estado, em parceria com as 27 Associações de Municípios, trabalhando as potencialidades de cada região.
Na entidade, o novo presidente quer trabalhar para a criação de um banco de informações e soluções para agilizar as respostas às demandas dos municípios. Para o fortalecimento da Escola Famurs, o objetivo será desenvolver cursos que busquem a qualificação de gestores e servidores das prefeituras gaúchas.
A gestão também irá trabalhar a construção de um novo Pacto Federativo; visa atuar permanentemente na mobilização com os prefeitos e ao lado da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) na busca por recursos e na defesa contra a extinção de pequenos municípios; buscar a inclusão de demandas municipalistas nos Planos de Governo para as eleições 2022; além de trabalhar pautas como as reformas administrativas e tributárias, privatizações, regimes de previdência, hospitais de pequeno porte, questões do lixo, acesso asfáltico e de melhorias nas redes de internet e de telefonia urbana e rural.