Você é livre para pensar e agir? Parte I

Sérgio Corrêa, jornalista e radialista.

Esta é uma reflexão para quem caminha com suas próprias pernas, quem pensa com sua própria cabeça, quem não é influenciado por ninguém. É uma reflexão para aqueles que, mesmo sofrendo as pressões da sociedade, se reservam o direito de ter opinião.

Aos mais intelectualizados, comunico que escrevo em linguagem acessível e de fácil compreensão de todos, até mesmo para aqueles que apenas aprenderam a ler e não frequentaram a escola, pois o jornalismo deve ser um difusor do conhecimento de forma universal.

Caros leitores, estamos nos aproximando do fim do ano, momento em que pessoas se reúnem, e dentre estas pessoas estão os que nasceram durante o ano, os que se agregaram como namorado(as) de filho(as) e neto(as), aqueles que vieram preencher o vazio deixado pelos que partiram, há os que chegam de longe, outros de perto, mas todos chegam para encontros e reencontros.

Você já pensou que nós estamos sempre devendo!

Vivemos em processo de cobrança permanente. Amanhecemos e anoitecemos devendo. Além dos boletos bancários, do IPTU, da conta de luz, de água, do IPVA do carro, devemos para nós mesmos.

Que mundo louco estamos vivendo, já parou para pensar?  Agora vai pensar!

Há 50 anos, tínhamos mais tempo para fazer nossas tarefas, não éramos bombardeados com tantas informações e não devíamos tanto para nós mesmos. Hoje, volto a afirmar deitamos e acordamos devendo algo.

Na quarta-feira (20), tivemos um feriado, eu aposto que alguém pensou: vou guardar as roupas de inverno, roupas de cama, roupa pesada, vou colocar na parte de cima do guarda-roupas e retirar as de verão! Passou o feriado e você não conseguiu fazer!

Vivemos combinando coisas conosco, cuidar das plantinhas no pátio, consertar uma torneira, coisas simples do dia a dia que não temos tempo para realizar.

Já prestou atenção que acordamos com uma agenda cheia de coisas para fazer?

Alguns pensam que depois de aposentado(a) vai ter tempo. Muito pelo contrário… Os aposentados trabalham mais. Que loucura é essa que estamos vivendo?

Na música “Quem dá Mais”, do cantor Antônio Marcos, gravada no ano de 1980, ele relata na letra o desejo de saber como seria o mundo no ano de 1996.

Antônio Marcos queria saber sobre o futuro 16 anos à frente. Hoje, 44 anos nos separam do momento em que o cantor interpretou a música pela primeira vez, estamos vivendo sem a consciência do que estamos fazendo de nossas vidas, do que estamos fazendo com a natureza, porque enfrentamos os dias tendo que ir num lugar ou noutro, um dia é de supermercado, outro tem que limpar a casa, tem que ir pegar o carnê do IPTU, tem que pagar a conta de luz, de água, às vezes pagar contas dos filhos, tem de ficar com os netos e acaba que chega ao final do dia faltando muita coisa a ser feita. Acordamos e deitamos devendo tarefas, devendo nossas contas, devendo um passeio, uma viagem com os filhos ou netos, devendo a promessa de tomar um café com um amigo(a), devendo uma visita para um familiar, estamos sempre devendo. Já pensou nisso?

Além de dívidas financeiras, devemos muito para nós. Afinal, amigo(a) leitor(a), quando você dedicou um tempo para você? Eu digo um tempo para você sem interferência de ninguém. Quando você pegou o carro, o ônibus a bicicleta e foi a uma praça ou à praia passear, observar a natureza e pensar na sua vida?

Quando você teve tempo para você? Por vezes parece que as pessoas não querem se encontrar com elas mesmas, com suas infelicidades, com suas dores, insatisfações, frustrações, com a sua realidade, com sua vida de verdade. Assim, mergulham na defesa de ideologias políticas, que as tornam guerreiras e se entopem de tarefas para se sentirem produtivas, pois no capitalismo só tem valor quem produz. Lembre-se depois de muitos anos de trabalho, dormir até mais tarde pela manhã ou escolher um dia para não fazer nada não é feio nem vergonhoso.

Na próxima edição parte II abordaremos o comportamento das pessoas e a política.

Enviar comentário

Envie um comentário!
Digite o seu nome