Eu e minha família estivemos uma vez no Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, popularmente conhecido como ruínas de São Miguel, integrante dos Sete Povos das Missões. Ficamos encantados com tudo. Com a representação das guerras guaraníticas com a presença de Sepé Tiaraju, que realmente emociona; mas durante a visitação o guia nos mostrou as esculturas em madeira de vários santos e nos chamou a atenção de que eram “ocos”, sendo que o guia explicou que havia várias versões, mas a que eles mais conheciam era de que os santos eram ocos para esconder os índios quando os espanhóis, ou por ora os portugueses, vinham para capturá-los.
As expressões populares são sempre muito curiosas e criativas. Há imagens de “santos do pau oco” também em Museus e Acervos de Arte Sacra recolhidos das regiões onde havia Missões Jesuíticas, no Rio Grande do Sul. Registros históricos atribuem aos índios, sob a orientação dos padres Jesuítas, a autoria dessas estátuas entalhadas ou esculpidas em madeira, tendo seu interior oco ou com orifícios que permitiam esconder dinheiro ou valores para serem transportados, driblando o fisco ou ladrões e assaltantes.
Essa versão é contestada por outros historiadores que dizem que os padres utilizavam-se dessas estátuas para catequizar os índios. Eram muitas vezes esculpidas em tamanho maior, sendo possível um padre ficar escondido dentro delas e impressionar os índios que acreditavam que tais estátuas falavam e assim eram doutrinados com maiores argumentos.
A criatividade popular não deixa por menos: quando dizemos que alguém é um “santo do pau oco” estamos identificando uma pessoa fingida, dissimulada, falsa ou caloteira. Enfim, aparenta ser uma coisa e é outra diferente!
Espero que tenham gostado desta matéria que conta um pouco das nossas crendices.
Boas férias para todos e até a próxima, tchê!