Que semana difícil

Sérgio Corrêa, jornalista e radialista.

A semana iniciou com a triste notícia sobre o acidente com a van que transportava a equipe do projeto Remar para o Futuro, no qual nove pessoas perderam a vida e vai terminar no sábado, vés­pera do segundo turno das eleições em Pelotas.

As mortes de sete jovens com idades entre 15 e 20 anos e dois adultos com 43 e 52 anos de idade causou-me uma dor profunda e alimentou um turbilhão de pensamentos sobre a responsabilidade do jornalismo quanto ao doloroso dever de informar.

Por que escrevi dor profunda? Eu conheci o embrião que deu ori­gem ao projeto Remar para o Futuro, quando um amigo pessoal que vou identificar como Guto à época era proprietário do posto de combustíveis Cidadão Capaz, na rua Tiradentes, em frente à agência dos Correios.

O posto era uma unidade do projeto da Petrobras para inserir no mercado de trabalho pessoas portadoras de deficiência.

Então, o Guto e seu parceiro Oguener Tissot e outros parceiros iniciaram o projeto Vigilante Mirim, uma parceria com a Petrobras que atendia mais de 150 crianças da rede pública de ensino.

Tempos depois o Vigilante Mirim deu lugar a um novo projeto, o Remando Contra a Maré, nome que identificava as dificuldades enfrentadas para manter o projeto com apoio apenas do posto de combustíveis e do Gino, proprietário da Freedom cadeiras de rodas motorizadas.

Diante das dificuldades de permanecer no Clube Náutico Gaúcho, o projeto deixou o canal São Gonçalo e remou em direção ao arroio Pelotas, no Centro Português 1º de Dezembro, onde manteve os patamares de alta performance até então conquistados, mas sem dúvida deslanchou ganhando notoriedade mundial.

Que semana difícil II

Ao longo da semana, aquele turbilhão que citei anteriormente ten­deu a aumentar, exigindo de mim múltiplas aptidões para respon­der perguntas que perpassam do campo espiritual ao político e, assim, tentar encontrar respostas que fizessem o mínimo sentido para meus questionamentos internos.

Tudo o que envolveu o acidente, consequências e sentimentos foram introjetados em meu cérebro neste período que antecede a cobertura eleitoral que farei pela Rádio Tupanci e Coluna Ponto e Vírgula. As consequências foram o surgimento de intersecções so­bre a vida cotidiana das pessoas e a política.

Um olhar mais atento a tudo que aconteceu me coloca a observar os dois campos políticos que disputam o poder no mundo e, prin­cipalmente, no Brasil, o progressista e o liberal.

A população brasileira gozou e goza de benefícios progressistas criados por Getulio Vargas, tais como jornada diária de 8 horas, direito a férias anuais remuneradas, descanso semanal, direito à previdência social, 13º salário, que antecederam a licença mater­nidade o seguro-desemprego e outros.

Meditando sobre os fatos da semana, sobressai os pensamentos sobre o projeto Vigilante Mirim, embrião do Remar para o Futu­ro, que começou com o apoio da Petrobras, empresa pública, o Remando Contra a Maré, que teve apoio de abnegados, fatos que demonstram a falta de aptidão da iniciativa privada em ajudar.

A última viagem da equipe que faleceu vítima deste trágico aci­dente só aconteceu por conta de recursos de uma emenda impo­sitiva de um vereador que permitiu custear as despesas para a viagem de ida e volta com aproximadamente 2 mil e 600 km em uma van.

A realidade é que somos uma cidade pobre, uma região pobre que concentra riqueza nas mãos de poucos. Hoje, Pelotas é o exemplo que saiu da ostentação para a pobreza. Basta olhar a área do Clu­be Comercial, símbolo da pujança em tempos de exploração, um espaço de meia quadra no coração da cidade confrontado por três ruas que se transformou em casa de morcegos e insetos prestes a ruir, tal qual o prédio da antiga Secretaria de Educação de Pelotas, vendido para o Sanep e que já ruiu em razão de um incêndio.

Eleições

Domingo, nós, eleitores pelotenses, vamos decidir as propostas políticas que interferem diretamente em nossas vidas. Não é um voto para presidente da República ou para governador do Estado, é o voto para quem determina a política de saúde da UPA, do Pron­to Socorro, decide sobre a educação do seu filho, decide sobre a mobilidade urbana e os buracos, decide se vai aumentar ou criar impostos ou taxas.

Seu voto definirá tudo isso. Pense bem!

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