Continuando a saga de análise sobre as agendas da eleição de 2024, a zeladoria está entre os “tops dois” de quase todos os municípios. Ora está na frente da saúde, ora atrás, mas está na agenda!
Quando o eleitor fala em problemas de zeladoria ou de infraestrutura está falando de buracos nas ruas ou de ruas sem asfalto. Em algumas cidades a situação é ainda mais dramática. Em ruas de “chão batido” ou de saibro se mantém o dilema mais clássico dos eleitores: “comer pó em dias de sol e amassar barro em dias de chuva”. E tem a tão temida “valeta a céu aberto”, que ainda vigora em várias cidades.
Em boa parte dos municípios do Rio Grande do Sul, o eleitor quer um prefeito com capacidade de planejamento e pulso firme para fazer acontecer nesta área. A percepção sobre a eficiência dos candidatos será medida pelo discurso empático. Significa que o eleitor quer que um prefeito reconheça os seus problemas e mostre que tem uma solução exequível!
O grande dilema está nas periferias, na ideia de que os prefeitos cuidam mais do centro do que dos bairros da cidade. Há prefeitos “tocadores de obras” que estão empenhados em requalificar a cidade, com trabalhos espalhados para todo lado e que podem perder a eleição se o adversário detalhar como irá fazer uma zeladoria eficiente, com um plano contínuo de manutenção das ruas, da limpeza, da iluminação pública (e as lâmpadas de led têm sido muito bem aceitas pelo eleitor) e até mesmo do saneamento básico.
De outro lado, os moradores de cidades com um percentual considerável de área rural reclamam na manutenção das estradas e cuidados com as pontes. Os agricultores têm sofrido muito com a dificuldade de escoamento da safra e deslocamento de máquinas rurais de grande porte, em estradas que se mantêm da mesma forma como foram abertas, há meio século atrás.
Nesta agenda de zeladoria, entra a questão dos alagamentos e a melhoria da estrutura de combate às cheias, especialmente nas cidades que estão na “mancha da inundação” da tragédia de maio de 24. Esse tema tem um papel psicológico, pois está associado à sensação de segurança da população.
Zeladoria é a agenda mais associada à ideia de trabalho ou obra eleitoreira. Nas entrevistas realizadas pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO) é um clássico a frase: “só fazem em época de eleição”. O eleitor diz que parece que os funcionários e as máquinas da Prefeitura se multiplicam neste período e boa parte das reivindicações são concluídas: “limpam aqui, carregam aterro ali, tapem o buraco acolá”. É inegável que esta ação de perfumaria em época de eleição beneficia a continuidade e aumenta a indignação do eleitor.