Os Lanceiros Negros…

Jotace, colunista e contador de causos.

Como os negros daqueles tempos eram tratados? Como se não fos­sem gente… Quando fechou o tempo e sentiram que os imperialistas vinham com tudo e mais um pouco, apelaram para os escravos, como políticos ordinários que eram. E se foram as promessas. Uma gleba de terra e liberdade aos que lutassem ao lado dos Farrapos formando, assim, um piquete de escravos, que ávidos por liberdade e um naco de terra para morar, formaram os Lanceiros Negros – exímios cavalgado­res e crus na arte do ferro branco e da lança. Logo fizeram nome, mas aí a luta arrefeceu. Vendo que estavam no bico do corvo, arriaram as bombachas para os imperialistas e se arrancharam num acordo covar­de, no qual fazendeiros ricaços, para não cumprirem suas palavras, de­sarmaram os Lanceiros Negros e os embretaram no Cerro do Porongos, onde foram dizimados covardemente pelas tropas inimigas com apoio de chefes farrapos. Por incrível que pareça, estes têm seus nomes gra­vados em ruas da Zona Sul. Estas placas deveriam ser arrancadas e jogadas no lixo. Mas falta respeito e vergonha.

Poética Complementar

Os Lanceiros Negros

Comerciantes e Alto Clero,

militares e estancieiros,

de início não cogitavam ter escravos nas fileiras.

Porém, lutam Lanceiros Negros. E quando a guerra é exaurida,

quem comanda, quem assina essa morte descabida?

Às vésperas do Armistício

em noite de triste sina, os desarmados

Lanceiros são entregues à chacina.

Que sanguinário conchavo!

Que intuito mais atroz!

Quem do Império foi carrasco?

Quem dos Farrapos, algoz?

Seriam os escravos libertos

Senhores de sua Alforria,

mau exemplo à Escravatura,

cujo ciclo se exauria?

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