O “sal” que dá gosto e sentido à vida do cidadão

Manoel Jesus, educador. (Foto: Divulgação)

Pode-se dizer que escrever é a arte da repetição. Não creio que alguém seja capaz de registrar algo absolutamente novo, mas, de alguma forma, o que formou nossa capacidade intelectual está en­raizado na nossa própria história, especialmente com os exemplos recebidos. Já que “os discursos convencem, mas são os exemplos que arrastam”. Lembrei da expressão quando conversava a respeito de educação e voltava à mesma tecla: é construção conjunta da família, escola, poder público e a sociedade organizada.

Recentemente, li um texto de autor desconhecido: “ouvi minha mãe pedir sal aos vizinhos. Tínhamos sal em casa. Perguntei por que ela pedia. Respondeu: nossos vizinhos não têm dinheiro e muitas vezes pedem algo. Ocasionalmente, peço algo econômico, para sentirem que também precisamos deles. Dessa forma, estarão à vontade e será mais fácil continuar a pedir o que precisarem. Foi o que aprendi com a minha mãe: ensinava aos filhos empatia, humildade, solidariedade e valores que fazem falta no convívio social!”.

Quando se critica a educação no Brasil, em todos os níveis, pa­rece que se deseja algo utópico. No entanto, com a maior circulação de pessoas pelo Mundo, se conhece o que se passa na Espanha, por exemplo. Pode-se dizer que é sonho referenciar com um país do pri­meiro Mundo. É possível. Mas como já se paga impostos de primeiro Mundo (com autoridades, muitas vezes, com mentalidade de terceiro ou quarto) não custa cutucar de que o utópico não é o irrealizável, mas abafado pela incompetência e mal uso dos recursos.

Amigo que voltou daquele país ficou assustado com o baixo nível encontrado pela filha, já adaptada a um patamar de exigência maior. Na conversa, percebeu-se que o grau alcançado na alfabetização (numa outra língua) e conhecimentos iniciais (escrever, ler, funções básicas da matemática), eram semelhantes aos que já se teve, para quem frequentou a escola inicial na metade do século passado. Em tempos de discursos fáceis sobre educação, a verdade é que estão sucateando a possibilidade de futuro das nossas crianças.

As primícias da mãe da história: “empatia, humildade, solidariedade…” são valores referentes aos bons costumes na educação, na máxima de que “é de pequenino que se torce o pepino”. Educadores (inclui professores, profissionais da comunicação, políticos e funções que formam a opinião pública) não são apenas retransmissores de conteúdo, mas instigadores de padrões éticos. São aqueles que usam do “sal” e insistem, especialmente pelo exemplo, a se fazer o tempero ideal que dá gosto e sentido à vida do cidadão!

Link do YouTube: https://www.youtube.com/@professormanoeljesus

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