Na última edição, percorremos a linha do tempo contando sobre apoios políticos construídos por Eduardo Leite e pelo PSDB nesse escambo que foi se naturalizando a política. Nesta edição, conforme prometido, retornamos a pauta das eleições para análise dos diferentes caminhos tomados por Paula Mascarenhas, prefeita de Pelotas, e Daniel Trzeciak, deputado federal, ambos do PSDB.
Cumpre-me o dever citar a existência do eixo ideológico onde estão partidos de extrema esquerda, esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita e extrema direita. Nesta eleição, faz-se necessário um estudo aprofundado sobre o comportamento dos líderes políticos do PSDB, sobretudo para encontrar, sem fisiologismo, o lugar do partido no eixo ideológico, mesmo sendo explícita a convicção e afeição de todos pelo liberalismo que, sem dúvida, combina com a direita.
A prefeita Paula Mascarenhas, no segundo turno das eleições, decidiu apoiar o candidato Fernando Marroni (PT). Falou em transição tranquila. Lembrei-me dos generais no período do Regime Militar, que projetavam a redemocratização como uma transição lenta, gradual e segura.
Quais os motivos que levaram Paula a apoiar Marroni? Uma das respostas ela deu: “Marroni está mais alinhado com as ideias democráticas do meu governo”, pode não ter sido exatamente com estas palavras, mas a mensagem foi essa.
Dois cenários, duas experiências vividas por Paula.
Primeiro: Perondi atacou o governo Paula, durante todo o período, de campanha eleitoral, não faria sentido apoiá-lo.
Segundo: vamos voltar ao passado no dia em que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou Pelotas e esteve no Centro de Eventos da Fenadoce para a inauguração das obras do contorno de Pelotas. Naquele dia, a prefeita, a mulher, Paula Mascarenhas, resistiu por 5 minutos e 28 segundos, tempo de duração do seu discurso, uma das maiores hostilidades que a maior autoridade do município poderia sofrer em solo pelotense. Paula falou sob vaias intermitentes durante 5 minutos e 28 segundos, o comportamento das pessoas naquele ambiente parecia querer agradar a Bolsonaro, que sempre incentivou a violência em suas falas com elementos de desprezo pelas mulheres.
Amigo (a) leitor (a), imagine o seu estado emocional ou do seu filho, sua filha, sua mãe, seu pai, sendo vaiado por uma plateia durante 5 minutos e 28 segundos. Se você tem sensibilidade e capacidade de alteridade, pense sobre essa situação, pois como dizia minha avó, quem bate esquece, quem apanha lembra.
Paula foi brava e, ao final de seu discurso, num ambiente hostil disse: “ao governo Bolsonaro, o meu agradecimento e a vocês o meu agradecimento também, porque essas vaias me mostram que vocês sabem exatamente quem eu sou. Muito obrigada”.
Como diria o gaúcho, vamos falar da ovelha que se desgarrou do rebanho. O deputado federal Daniel Trzeciak além de declarar apoio, fez campanha para Marciano Perondi (PL) com direito a dois tombos. Um tombo real, no solo, durante uma caminhada e o outro no resultado.
Trzeciak foi coerente em sua escolha, durante o governo Paula, a máquina pública com as redes sociais da Prefeitura, assim como as da prefeita, foram um canal de comunicação para divulgar as ações do deputado. Ele tinha exclusividade. Onde havia lançamento de algum projeto ou inauguração de obras, lá estava o deputado. E, posteriormente, tudo o que acontecia se transformava em notícia. Não se pode negar que o parlamentar trouxe de volta muito do nosso dinheiro, dos impostos que pagamos, através de emendas parlamentares, que jamais deveriam existir, pois a função de um deputado não é executar orçamento e, sim, legislar. No entanto, percebendo que perderia este canal de comunicação de único deputado divulgado pelo executivo pelotense, Trzeciak apostou em Perondi.
Marroni e o PT vão valorizar o mandato de Alexandre Lindenmeyer (PT), ex-prefeito de Rio Grande e, atualmente, deputado federal. Isso é natural na política.
A decisão de Trzeciak foi na contramão de outros líderes do PSDB. Ele arriscou o isolamento, uma vez que a região elegeu o PT nos maiores colégios eleitorais da Zona Sul. A partir de agora, o deputado vai ter que definir sua posição no eixo ideológico o quanto antes, provavelmente se descolar do governador Eduardo Leite e começar a conquistar os eleitores da direita a quem apoiou.
Sergio,
Boa noite
Veja como a nossa política, com partidos sem ideologia nenhuma só com projetos pessoais, vídeo o caso do Daniel, aproveitou a máquina do estado e do município se se importar com o projeto do partido, sabendo que o PSDB está se esvaindo. Com a postura dele o caminho é sair do partido para um de direita , porque em todas as votações as dez com viés da direita.
Está é uma das análises, porque tem várias para serem feitas, a Paula e o Eduardo leite estão em uma saia justa por terem apoiado o PT, mesmo que fosse para compensar o voto do PT contra o Onix.
Falta educação de base de qualidade, professores em sua grande maioria sem qualificação.
Uma outra questão é falta de conhecimento de história e histórico para a população, que sem educação dá margem a formação de políticos populistas ,tanto de direita quanto de esquerda.
Uma outra situação é a politicagem dentro das universidades públicas,víde UFPel.
Desculpa colocar tantos assuntos num comentário, porque o assunto política é muito abrangente.
Obrigado por dar voz ,
Carlos CANCELAS