O fiasco da polarização do “7 de Setembro”

Manoel Jesus, educador. (Foto: Divulgação)

Garanto que muitos de vocês têm alguma boa lembrança das co­memorações do “7 de Setembro”, com os desfiles militares e a Para­da da Juventude. Independente das narrativas que partidarizaram o evento, era o momento em que as pessoas mais simples se emociona­vam (e ainda se emocionam) vendo esposa, marido, namorado, namo­rada, filho, filha, amigo, desfilarem pelas principais ruas e avenidas da cidade. Isto se chamava (e se chama) de civismo. Uma autêntica festa da democracia. O momento de celebrar a pátria.

A Parada da Juventude levava crianças em idade colegial às ruas em seus uniformes, bicicletas enfeitadas e bandeiras escolares. O or­gulho do dia em que a cidade se esmerava para acolher seus jovens na avenida Bento Gonçalves, em que bancas de lanches e bebidas eram espaços à parte. Onde havia grupos de jovens fazendo um pé de meia para investir em atividades sociais e passeios. Nas beiras das calça­das, pessoas de todas as idades carregavam suas cadeiras e bandei­ras e as crianças de colo se identificavam com as cores nacionais.

De algum tempo para cá, grupos sociais encerravam as ativida­des cívico-militares apresentando seus problemas e reivindicações, inclusive com a motivação das igrejas cristãs. Pacíficos, ordeiros, com foco no que interessava à população. Diferente do que, hoje, se transformou num fiasco da polarização em Brasília e em São Paulo. Em ambos, a manipulação de um marketing duvidoso a serviço de uma direita e de uma esquerda fundamentalista, mostrou-se pífio em arregimentar incautos numa campanha eleitoral disfarçada.

Sou saudosista, sim. Por favor, não venham com a velha cantilena de que “desfiles militares” são coisas do tempo da ditadura. Ela utili­zou destes eventos para se fortalecer, mas sua essência nunca esteve longe da população que gostaria de ver nos jovens que prestam Ser­viço Militar, nas Forças Armadas e nos serviços de policiamento uma bengala que arrima a segurança do cidadão brasileiro. Exatamente num “país” que se chama Brasil e é o motivo de que não se desista da esperança de um dia viver a plenitude democrática.

Hoje existe uma maioria silenciosa da população brasileira que não é direitista e sequer esquerdista. Sabe que ambas têm pratica­mente as mesmas culpas em cartório. Gostaria que, se não ajudas­sem, também não atrapalhassem a reverência à pátria de todos nós. O lugar para se construir uma nação em que os políticos de pratica­mente todos os partidos boicotam. Já que uma população educada seria uma população consciente socialmente, percebendo seus des­mandos e podendo colocá-los na mira das próximas eleições.

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