
Antes que alguém pense que trato do arquiteto Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, explico: quem casou em Rio Grande foi seu primo, Conrado Niemeyer, que depois governou o Amazonas, bancou os custos da construção da famosa avenida Niemeyer do Rio de Janeiro, aliás projetada pelo filho dele, Álvaro. Conrado também construiu a Igreja de São Conrado.
Era setembro de 1858. O engenheiro militar Conrado Niemeyer casou no dia 25, na histórica Igreja de São Pedro, em Rio Grande, com a jovem gaúcha Maria Luísa Menna Barreto, neta do Visconde de São Gabriel. Tiveram 13 filhos.
Depois de atuar em diversos lugares, após ter combatido batalhas na Guerra do Paraguai, Niemeyer ainda voltou a trabalhar no Rio Grande do Sul, em 1873, como chefe da Engenharia Militar da Província.
Chegou ao posto de Marechal, encerrando sua carreira brilhante como ministro do Superior Tribunal Militar – influente e famoso no Rio de Janeiro, nossa então capital federal.
Quando Oscar Soares Filho – o primo – casou em 1928, ano em que concluiu o Ensino Médio, tinha apenas 21 anos de idade e sua esposa 18. Ele precisava trabalhar para sustentar a nova família que formara.
Iniciou na tipografia de seu pai e, no ano seguinte, 1929, matriculou-se no curso de engenharia e arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
Detentor de um talento extraordinário, artista respeitado cada vez mais em todo o mundo, acabou vinculando sua fama ao sobrenome que herdou da avó paterna, que já tinha projeção graças ao primo, cuja sonoridade prevaleceu, ao ponto de Niemeyer transformar-se em sinônimo de talento e excelência em arquitetura.
Hoje, não são poucas as pessoas que imaginam que o nome da importante avenida carioca se deve ao arquiteto.
Na verdade, o nome deve-se ao primo, o engenheiro que casou em Rio Grande.
*José Henrique Medeiros Pires é Licenciado em Estudos Sociais pelo ICH UFPel, Especialista em Políticas Públicas pela Universidade de Salamanca, Espanha e jornalista e radialista