As apostas on-line, que pareciam uma brincadeira sem consequências, viraram uma epidemia nacional e já levaram 1,3 milhão de brasileiros à inadimplência. Enquanto o governo punha o olho nos impostos que poderiam ser arrecadados, deixou de lado um grave efeito colateral: um sonho que, na maior parte das vezes, vira pesadelo. Em especial para a população mais pobre, com pouca ou nenhuma educação financeira. Encantada com a possibilidade de resolver problemas com dinheiro “fácil”, em um lance de sorte.
O canto da sereia veio pela facilidade e o baixo custo, que “convencem” de que não vai prejudicar em nada o orçamento familiar. Não é verdade! Os números mostram que esta população já estava com a água pelo nariz e agora transbordou. Rosane de Oliveira, em um texto para o jornal Zero Hora, diz que o “governo do presidente Lula (PT) demorou para descobrir o que parecia óbvio aos olhos de qualquer um que não tenha interesses envolvidos na jogatina em que o Brasil se transformou nos últimos meses”.
Uma febre de jogos incentivados por anúncios publicitários, especialmente na televisão, insistentemente repetidos. Estudos, tanto do governo e institutos quanto de universidades demonstram que as chamadas “bets” (apostas) não são tão lúdicas quanto é apresentado, mas viraram um problema de alcance nacional. Além do endividamento, tirou dinheiro de circulação, especialmente, reduzindo o consumo de bens e serviços. Sem contar que, para muitos, já virou um vício nas apostas esportivas, facilitadas pelo celular.
As “bets”, na verdade, transformaram-se num problema nacional, pelo endividamento das famílias e a dependência, com influência na saúde física e emocional. Quando alguém tenta a sorte em jogos de azar, aumenta a possibilidade de se criar uma legião de viciados a se iludir com a facilidade de uma suposta solução financeira. Agora, o governo se manifesta dizendo que considera “uma pandemia de apostas on-line” e elabora um mecanismo que tenta monitorar o endividamento das famílias nos jogos virtuais.
Para quem tem a memória curta, é bom lembrar que o “jogo do bicho”, por exemplo, continua proibido e, mesmo assim, o país está se transformando em um cassino virtual. As denúncias e prisões recentes mostraram a ponta do iceberg. O capital que circula em tentativas on-line drena parte dos recursos da população, mas também serve (como foi comprovado) para a lavagem de dinheiro. Já vimos este filme: tudo o que é oferecido como sendo muito fácil esconde a possibilidade de se transformar num abismo de aflições…