História do tradicionalismo gaúcho

Pontes: Dois Arcos e dos Escravos
Charqueadores, como o Comendador Joaquim Assumpção, construíram pontes, inclusive este foi quem mandou construir pelo braço escravo a Ponte dos Escravos (nome dado pela lenda dos escravos que choram embaixo da ponte) na Estrada da Costa, no Areal, em 1875. Por estas razões não é de se admirar que tenha sido a Ponte dos Dois Arcos feita também pela mão escrava. Embora tudo nos leva a crer que tenha sido ela construída bem antes que a dos Escravos devido à importância da estrada a qual servia.
A construção da ponte foi fundamental para o desenvolvimento das atividades charqueadistas, para atender ao aglomerado populacional que se formava. Enquanto passavam carretas abarrotadas de cargas, boiadas, cavaleiros, negros, comerciantes, tropeiros, a economia crescia e dava surgimento a uma cidade. A estrada do Passo dos Negros e a Ponte dos Dois Arcos constituem-se fatores fundamentais ao apogeu alcançado na região.

As charqueadas
Charqueadas havia pelos dois lados do Passo dos Negros. O gado, vindo da Tablada que era o local de comercialização do gado, vinha pelo Corredor das Tropas, hoje avenida São Francisco de Paula, e descia para a estrada do Passo dos Negros, sendo “tocado” pelos tropeiros, para as charqueadas das margens do Canal São Gonçalo e do Arroio Pelotas, pela Estrada da Costa e passando pela Ponte dos Dois Arcos.

Domingos José de Almeida
Não se pode falar em charqueadas sem citar Domingos José de Almeida, charqueador intelectual e homem de negócios, que também foi o principal ideólogo do movimento revolucionário. Mineiro, nascido em 1797, veio ao Rio Grande do Sul em 1819 para reunir tropas de mulas e levá-las até Sorocaba, mas acabou se estabelecendo em Pelotas. Empresário bem sucedido, além de dono de uma companhia de navegação com veleiros que transportavam produtos para as províncias do norte, tornou-se o mais próspero entre os charqueadores.
Sua charqueada era considerada um modelo de organização. Culto, sua biblioteca era famosa em todo o Brasil.
Também da riqueza de Domingos José de Almeida e de sua senzala, onde moravam centenas de escravos, nasceu um dos corpos de combatentes mais destacados da Revolução Farroupilha, os Lanceiros Negros, que foram liderados pelo Coronel Teixeira Nunes (mas isto é assunto para uma outra coluna).

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