Pelotas, cidade situada no sul do Rio Grande do Sul e distante aproximadamente 260 km da Capital, é um ponto de intersecção das seguintes rodovias: BR-116, BR-471, BR-392 e BR-293. Esta geografia privilegiada elevou o município na condição de Polo Regional. Contudo, aqui, vencer obstáculos é um malabarismo diário para motoristas transportadores de cargas.
Alguns obstáculos são inevitáveis, pois decorrem de efeitos climáticos e independem da intervenção humana. Isto se vê na imagem abaixo, que mostra o terminal de cargas do Porto de Pelotas durante a enchente de maio de 2024, no dia em que o canal São Gonçalo saiu da sua caixa, invadiu o terminal portuário e o carregamento não parou.
Outros obstáculos, como demonstrado na fotografia abaixo, são decorrentes da falta de opções de acesso ou da falta de manutenção das vias por parte do Poder Público. A coluna espera providências da Prefeitura de Pelotas com relação a este cruzamento das ruas Manduca Rodrigues e Saturnino de Brito.
Uma empresa onde o transporte de cargas é mais do que uma herança familiar, é um compromisso social
Mais do que o mesmo sobrenome: uma herança de família e uma história de vidas. Gilberto Dutra, Elaine Dutra e Gilmar Dutra, filhos de Oscar Gilberto e Vera, nasceram nas fazendas de acácia e eucalipto, na época em que o pai era o maior empreiteiro de corte de madeira de forma manual. Oscar Gilberto faleceu aos 57 anos, mas deixou um legado de trabalho, compromisso com a floresta e a dedicação ao transporte de cargas. O desejo do Gilberto ao fundar a “Gilberlaine” (junção do nome dos três filhos), sua primeira transportadora, era que fosse um negócio da família e, nesse sentido, “Gilberto pai” foi muito bem sucedido.
A antiga Gilberlaine, que hoje leva o nome de Silva e Dutra, é uma empresa sediada em Pelotas e administrada pelos três irmãos. Atualmente conta com uma estrutura composta por 20 conjuntos de bitrem para transporte florestal de madeira, 4 bi caçambas que transportam todos os tipos de grãos e 3 carrocerias com piso móvel para transporte de lixo e outros resíduos.
Como Gilmar estava em um compromisso, este colunista conversou os irmãos Elaine e Gilberto – carinhosamente chamado de Beto. Ao serem questionados sobre quais as dificuldades atuais para o setor, eles não hesitaram em elencar a falta de motoristas profissionais, os custos operacionais, o preço do combustível e principalmente o preço dos pedágios na região. Segundo eles, o pedágio gera um custo próximo de R$ 300 mil mensais – valor que, somado ao longo de 12 meses, daria para adquirir dois caminhões bitrem completos (cavalo e os dois módulos de carroceria) no mesmo período.
Contudo, Elaine afirma que “as dificuldades não alteram os conceitos de trabalho meu, dos meus irmãos e de dois sobrinhos. Nós trabalhamos na administração e aqui todos seguimos empreendendo o compromisso social, econômico e de geração de emprego desde os tempos do pai”.
A empresa cumpre a legislação e garante todo tipo de EPI – equipamento de proteção individual – aos funcionários. Além disso, projetou e construiu um modelo de contêiner que serve como refeitório e possui sanitários, para que seja utilizado pelos funcionários no meio da floresta onde é carregada a madeira. Neste contêiner também há uma espécie de farmácia com uma variedade de medicamentos, inclusive para picadas de animais peçonhentos ou outras espécies.
A preocupação com o meio ambiente e com as pessoas faz com que em todos os treinamentos os funcionários sejam instruídos a não deixar lixo na floresta e não matar nenhum animal. Segundo Elaine, “esse é o ambiente natural dos animais e os estranhos neste lugar somos nós!”. Há, ainda, a preocupação com as estradas, pois, nelas, além dos nossos caminhões, também trafegam os donos das propriedades, o transporte escolar e ambulâncias. Há uma relação de trabalho e, portanto, sendo a estrada um local de trabalho, é fundamental preservar as condições de trafegabilidade do caminho que é utilizado por todos.