
A vitória sempre tem paternidade requerida por muitos. A derrota, ao contrário, é sempre alheia. No momento em que muitos requerem os louros de vitórias para si e outros rechaçam eventuais derrotas – para o mais longe possível – quero abordar outra situação eleitoral, usando o exemplo de Pelotas, onde PT e PL disputarão o segundo turno.
Geralmente, não existe apenas um fator decisivo numa eleição, mas um conjunto que define o resultado.
Em Pelotas, haverá segundo turno, situação corriqueira na tradição política da cidade, que tem mais de 100 mil eleitores. Para ser exato, 248 mil, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Uma circunstância, no entanto, chama a atenção dos que acompanharam os resultados do pleito: entre votos brancos, nulos e abstenções, 75 mil pessoas não votaram para a escolha do prefeito.
Fernando Marroni (PT), o mais votado, fez pouco menos do que 70 mil votos, a título de comparação.
O que está acontecendo com o eleitor?
Não ir votar é uma escolha. Ir votar, acessar a sessão eleitoral e fazer questão de anular o voto e confirmar na tecla verde da máquina, ou fazer a mesma operação para votar em branco, merece uma análise, pois além de também ser escolha, pode significar fadiga do eleitor e do processo eleitoral, registrando descrédito dele contra todos. Ao dar-se o trabalho de fazer na máquina o que antigamente outros faziam com os riscos de uma caneta, o cidadão cumpre seu dever de ir às urnas, mas protesta contra todos.
Resgatar esse eleitor para o processo decisório é importantíssimo para a cidade. Ele sai de casa, mas vota de maneira que a decisão fique nas mãos dos outros, pois para ele tanto faz que seja A ou B.
Nem situação nem oposição entusiasmaram uma fatia gigantesca do colégio eleitoral pelotense, exigindo atenções de estudiosos e de partidos políticos, esses como times de pouca torcida que emprestam camisetas para quem quiser jogar.
Marroni e Perondi disputarão o segundo turno em Pelotas e que vença o melhor.
Um deles será o prefeito que, dentre outras coisas, terá a responsabilidade de coordenar as festividades alusivas aos 150 anos da imigração italiana na cidade.
Teremos – já sabemos com antecedência – um descendente daqueles pioneiros na cadeira de prefeito a partir de janeiro do próximo ano.
Tomara que ambos motivem seus eleitores e ajudem a reduzir essa abstenção e esses votos brancos e nulos, na minha avaliação, extremamente preocupantes.
*José Henrique Medeiros Pires é Licenciado em Estudos Sociais pelo ICH UFPel, Especialista em Políticas Públicas pela Universidade de Salamanca, Espanha e jornalista e radialista