Barranqueada
A molecada pra fazer uma arte não tinha fastio, se combinaram, deram de mão numa piola e se foram a moura do Tio Kid, Égua veia, encostada na barranca e aquela algazarra quando o mais velho, tido como experiente, sujeito engraçado por sinal, inteligente, fez valer a liderança e gritou: – Eu serei o primeiro. Todos acataram a decisão e lá se foi o sortudo. Deu uma palmadinha na anca do animal, jogou a cola pro ombro e se foi ao fato, mas aí, o susto no escuro, pegaram um cavalo da mesma pelagem. Ele meio desajeitado, saltou de lado e murmurou: – Há algo de anormal com esse animal, não serei mais o primeiro. A gurizada não perdoou.
Recenseador
Fazendo o Censo Agrícola, no Rincão dos Ávilas, cheguei num rancho barreado, mui caprichado por sinal. A cuscada meio que avançando e eu gritei lá da porteira – Ô de casa, é o recenseador – lá pelas tantas, um gurizote com a cara meia assustada apareceu no canto da casa e perguntei pelo seu pai: – Papai não tá, foi bota a porca em cria com o marrão do João Lobato e os leitão é de terça. – então chama tua mãe -: – mamãe saiu – não querendo perder tempo indaguei: – onde ela foi? – foi no mato cagá. Já meio rindo retruquei: – vai demorar? – aí o guri “arremachou”: – não, já saiu se peidando. Me larguei campo a fora.